Líder mundial na fabricação de embalagens, Owens Illinois investe R$ 1 bilhão no País em nova tecnologia para expansão de operações.
Ladeira lembra que a indústria do vidro é praticamente a mesma há mais de um século e Magma vai trazer um grau de flexibilidade que o vidro hoje não tem. “Vai permitir, por exemplo, a troca de cor ou da forma utilizada na produção da embalagem”, disse. A tecnologia oferece eficiência energética elevada ao injetar no forno mais oxigênio, de maior poder calorífico. Assim, viabiliza a operação de linhas de produção menores, com um quarto de uma fábrica convencional, além de processo praticamente 100% digital.
O investimento no Brasil faz parte de um pacote global de US$ 680 milhões da Owens Illinois (O-I), com desembolsos entre 2022 e 2024. O País concentrará 26% – ou US$ 180 milhões – do valor total do aporte com a implementação de três linhas de produção, uma delas no eixo Rio-São Paulo e duas na região Sul. As negociações com municípios para a instalação dos sites estão em andamento. As obras devem ter início até dezembro e as operações, no terceiro trimestre de 2023, com a geração de 500 empregos. Segundo Ladeira, será o primeiro movimento da indústria nacional em dez anos para a construção de uma fábrica do zero. “Tivemos apenas algumas iniciativas de ampliação no período.”
A empresa possui duas unidades-piloto do Magma em atividade – na matriz nos Estados Unidos e na Alemanha – e pretende implementar 11 linhas pelo mundo, concentradas nas Américas. Além do Brasil, serão construídas fábricas no Peru, no Canadá e nos Estados Unidos.
O déficit no fornecimento de embalagens de vidros, especificamente garrafas, trouxe um desafio muito grande à empresa diante de todo o cenário vivido no Brasil, com o custo alto da energia e a incerteza em relação à política econômica. Bruno Jucá, diretor de finanças da Owens para a América Latina, disse que foi uma dificuldade justificar o investimento no Brasil. “Hoje, para ser viável uma fábrica de vidro, é necessário fazer numa escala muito grande para que seja competitiva”, afirmou. “Quando se fala de custo, o vidro perdeu muito espaço para lata de alumínio e para o plástico, que têm aplicações muito mais simples.” A nova tecnologia, segundo ele, coloca a indústria de embalagens de vidro num grau de flexibilidade mais elevado.
LOGÍSTICA A possibilidade de instalação de fornos menores por todas as regiões do Brasil vai baratear o frete, um dos principais gargalos do setor. “Acreditamos que a nova tecnologia vai gerar um valor muito grande à cadeia”, disse Jucá. O frete hoje pode representar até 50% – ou mais dependendo da localidade – do custo final do cliente, que agora “vai poder ter plantas perto dele e reduzir drasticamente esse custo.”
A expectativa da Owens Illinois é que o movimento ascendente no Brasil se mantenha. O País está entre os quatro principais mercados da empresa no mundo. A relevância, de acordo com o presidente Hugo Ladeira, é grande não só pelo tamanho da operação, mas pela presença de clientes globais, como Ambev, Coca-Cola, Diageo, Heineken e Nestlé. “As operações no Brasil da Heineken e do Nescafé, que usam embalagens de vidro, são as maiores do mundo.” Com as novas linhas de produção totalmente vendidas, a expectativa é otimista.
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