A multinacional está produzindo caixas para proteção de médicos e enfermeiros durante procedimentos de intubação e extubação de pacientes
Maior produtora de embalagens de vidro do mundo, a americana Owens-Illinois (O-I) recorreu a um material incomum em suas linhas de produção para ajudar no enfrentamento da covid-19 no Brasil e na Argentina. A multinacional está produzindo caixas de acrílico usadas para proteção de médicos e enfermeiros durante procedimentos de intubação e extubação de pacientes, para doação a hospitais da rede pública. Até o fim desta semana, a meta é chegar a cem unidades e esse número poderá subir.
“Além da contribuição em si, o projeto trouxe novo ânimo às equipes, que ressignificaram o fato de ter de trabalhar em um momento como esse”, contou ao Valor o diretor de manufatura da O-I no país, Alessandro Figliuolo. As primeiras unidades foram produzidas na fábrica da capital paulista e outras unidades, no Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Vitória de Santo Antão (PE) e Rosário, na Argentina, também iniciam a montagem.
A ideia de fazer as caixas de acrílico nasceu de um pedido de colaboração, em um grupo de WhatsApp do círculo pessoal de Figliuolo, lançado pela coordenadora do Hospital Municipal do Tatuapé, na zona leste de São Paulo. Na unidade, que concentra um dos maiores números de pacientes de covid-19 na capital, faltam equipamentos de proteção individual e uma das necessidades era justamente a de caixas de acrílico, que garantem proteção coletiva -ela cobre a cabeça do paciente durante o procedimento e funciona como mais uma barreira entre os profissionais de saúde e as gotículas expelidas pelo doente, especialmente na extubação. No mercado, cada caixa pode custar cerca de R$ 400.
Segundo o executivo, que obteve a aprovação do projeto junto ao comando da O-I, um protótipo foi apresentado ao hospital em 48 horas, apesar da maior dificuldade, neste momento, de encontrar placas de acrílico disponíveis no mercado. Após testes no centro cirúrgico e alguns ajustes, a caixa começou a ser fabricada em uma linha de produção “improvisada” e as 20 primeiras unidades foram entregues ao Hospital do Tatuapé.
O projeto foi aberto a outros hospitais públicos em São Paulo, a partir de uma listagem dos centros com condições mais críticas, e seguiu para as outras fábricas. Segundo Figliuolo, o maquinário de produção de embalagens de vidro da O-I não atende às necessidades das caixas de acrílico, mas equipamentos da área de manutenção e força de trabalho de diferentes setores têm sido utilizados. “Fizemos uma linha de montagem simples, dedicada a isso”, afirmou.
Além da doação das caixas, todas as unidades da O-I estão com pontos de arrecadação para alimentos, produtos de higiene pessoal e materiais de limpeza que serão entregues em comunidades carentes do entorno.
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