Diante da pressão dos acionistas para que o conselho de administração da Avon encontre alternativas que maximizem o retorno, que inclui a venda da companhia ou de parte dela, David Legher, presidente da Avon Brasil, afirmou ao Valor que o mercado brasileiro é prioritário para a gigante de vendas diretas.
“Sempre existem rumores por aí de que a empresa poderá se desfazer da operação, mas mantemos o foco no nosso negócio. Sempre existirão boatos, mas ressalto que a Avon está crescendo e realizando uma intensa mudança no contato com suas revendedoras”, disse o executivo que comanda o mercado brasileiro há pouco mais de seis anos.
Em janeiro deste ano, um grupo de acionistas da Avon liderado por Shah Capital, Barington Capital Group e NuOrion Partners, com 3,5% das ações, enviou carta ao colegiado sugerindo a contratação de um assessor financeiro para avaliar alternativas estratégicas à companhia. Na época, esse grupo dizia estar “extremamente decepcionado” com o desempenho da empresa.
Um mês depois, a fabricante de cosméticos americana anunciou a contratação de Jan Zijderveld, ex-presidente da divisão europeia da Unilever, que comandará a companhia após a saída de Sheri McCoy. A executiva tinha anunciado a aposentadoria em 2017 e era pressionada pelos acionistas devido aos resultados fracos da Avon.
Em 2017, após cinco anos consecutivos de prejuízo, a empresa voltou a registrar lucro. O ganho acumulado no período foi de US$ 22 milhões, revertendo as perdas de US$ 107,6 milhões registradas um ano antes. Houve melhora na margem operacional no Brasil, devido à redução da inadimplência das revendedoras.
Legher disse que o empreendedorismo e a reinvenção estão no DNA da companhia, com 6 milhões de consultoras em quase 60 países. “Há 130 anos, nosso fundador [David H. McConnell] começou vendendo livros e oferecendo um [frasco] de perfume junto com o produto. Ao perceber que as fragrâncias faziam sucesso, ele mudou o negócio.”
Assim como a Natura, principal concorrente em vendas diretas no país, a Avon está passando por um processo de digitalização do negócio. O executivo contou que foi criada uma plataforma integrada com a loja virtual e as redes sociais da qual as 1,5 milhão de revendedoras já fazem parte.
“Dedicamos muito tempo para desenvolver internamente uma plataforma que proporcionasse a melhor experiência às nossas revendedoras. Não foi algo simples de criar esse recurso tecnológico”, comentou o executivo.
Segundo o presidente, a unidade brasileira é um centro de desenvolvimento de novos produtos e serviços global. “Temos um centro de pesquisa e desenvolvimento que cria perfumes e produtos para pele e cabelo das nossas consumidoras locais. A linha de hidratantes corporais Encanto, por exemplo, é vendida nos mercados da África, Europa e América Latina.
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