Maiores redes de atacarejo do país aceleram plano de expansão de olho em 2024

Com a compra de 71 lojas da rede hipermercado Extra, pertencente ao Grupo Pão de Açúcar (GPA), o Assaí projeta chegar em 2024 com R$ 100 bilhões em vendas brutas. Neste ano, podem ficar entre R$ 48 bilhões e R$ 49 bilhões, segundo analistas. Se dobrar o valor em três anos, pode empatar com o Atacadão, do grupo Carrefour, que informou em setembro projeção de R$ 100 bilhões em vendas também ao fim de 2024.

“Das 71 lojas, têm pelos menos 30 muito boas em termos de localização, e 63 delas estão nas capitais ou em regiões metropolitanas. Nessa lista há o Extra Anhanguera, o da Mooca, Guaianazes e do Taboão [todas em São Paulo]. Então entendemos que haverá uma aceleração na receita”, disse Belmiro Gomes, presidente do Assaí.

As 71 lojas do Extra – bandeira que desaparece do portfólio do GPA – serão convertidas em Assaí. Por conta disso, o número de lojas novas que iria abrir, entre 2021 e 2023, deve cair de 78 pontos, “talvez para algo como cinquenta no acumulado”, estimou o executivo.

A operação, anunciada na quinta-feira à noite, somou R$ 5,2 bilhões, sendo R$ 4 bilhões pelas 71 lojas – recursos que devem sair do caixa do Assaí – e mais R$ 1,2 bilhão da venda de 17 ativos imobiliários do GPA (construções e terrenos localizados em pontos do Extra) a um fundo da SuccesPar.

Um dos principais motivos que levaram o Assaí a comprar as lojas do Extra foi a aquisição, em março deste ano, do grupo Big pelo Carrefour, afirmou Gomes. “Havia, na nossa visão, um distanciamento em que precisávamos buscar nossa expansão de forma rentável”, disse. Segundo ele, a conversão de Extras em lojas do Assaí era plano antigo. Ao menos 20 lojas já haviam passado por esse processo quando o Assaí ainda estava sob o guarda-chuva do GPA – Assaí tornou-se uma empresa independente em março deste ano.

“Chegamos a olhar operações de M&A [fusão e aquisição] e o ativo que nos parecia mais atrativo era o parque de lojas do Extra”, disse. Se fosse feita uma aquisição no mercado, “seria uma transação muito mais custosa do que essa. Alguns pedem um ano de vendas.”

O fato de GPA e Assaí terem o mesmo controlador, o grupo francês Casino, ajudou. “Por ser do mesmo controlador, não é sujeito a apreciação do Cade, o que acelera a operação”, disse Gomes, referindo-se à autoridade nacional de defesa da concorrência.

O Assaí também ganha tempo em seu plano de expansão. “Para conseguir essa mesma quantidade de área de venda das 71 lojas, teríamos que abrir 110 lojas orgânicas, o que levaria mais tempo. Pontos desse tipo, levamos de seis a sete anos para abrir. O custo de uma loja orgânica em ponto desse tipo é alto, em torno de R$ 100 milhões”, acrescentou Gomes.

Na sexta-feira, as ações do GPA dispararam quase 12% e as do Assaí caíram 1,8%. Enquanto os acionistas do GPA comemoram ter se livrado de lojas que vinham se transformando num peso no balanço, os acionistas do Assaí parecem ter motivos para chiar.

O elefante na sala é a transação feita sem a anuência dos minoritários. “O Pão de Açúcar se livrou de um pepino porque faz tempo que o modelo de hiper não para mais de pé, com lojas deficitárias, e tenho dúvidas sobre esse preço para o Assaí. Mas independentemente desses aspectos, nada justifica uma operação dessa ser feita sem o aval dos minoritários, como é de praxe em operações com partes relacionadas”, diz um renomado gestor de ações com posição em Assaí.

O Itaú BBA rebaixou a recomendação para o Assaí, de compra para neutro. “Estamos profundamente incomodados com o fato de que os acionistas minoritários não estão participando do fechamento desta transação”, disse o banco. Mas as ponderações negativas não são consenso. Para os analistas da XP, o fato de não estar sujeita à aprovação dos acionistas minoritários não deveria ser um problema.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/10/18/assai-e-atacadao-miram-r-100-bi.ghtml

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