“Estamos evoluindo de uma organização comercial de portfólio diversificado para uma organização biofarmacêutica focada na ciência e inovação”. Essa mensagem abre um comunicado que oficializou 126 demissões na Pfizer e a extinção da força de vendas da farmacêutica no Brasil.

O Panorama Farmacêutico teve acesso a essa carta nesta quarta-feira, 18 de maio. Só neste dia, segundo fontes ouvidas pelo portal, 100 colaboradores receberam a informação do desligamento, entre gerentes, promotores e representantes.

A decisão da companhia gerou uma intensa mobilização entre grupos de propagandistas nas redes sociais. A AboutMe, plataforma especializada em recrutamento de profissionais do canal farma, chegou a veicular um post no LinkedIn em solidariedade aos colaboradores, oferecendo gratuidade para cadastros de perfis premium e divulgação de vídeo-currículos na plataforma.

Demissões na Pfizer acompanham movimento mundial
As demissões na Pfizer integram um movimento global da farmacêutica, que começou no início do ano nos Estados Unidos e tem como foco a migração da força de vendas para uma operação digital.

Isso ocorreu na mesma semana em que o CEO Albert Bourla destacou publicamente esse reposicionamento, durante conferência da JP Morgan sobre o mercado de healthcare. “Parte de nossos esforços no combate à Covid-19 foram muito bem-sucedidos por causa da digitalização que tivemos em nossa operação e que também continuará em jogo”, afirmou, enquanto centenas de posições de vendas eram eliminadas.

No Brasil, os profissionais desligados serão repostos por um time de consultoria para manter relacionamentos a distância tanto com médicos como pacientes. Os representantes que seriam alocados para essa equipe teriam sua denominação alterada para Customer Facing. Mas em contrapartida, assinariam um documento em que abrem mão de cotas, prêmios e outros benefícios.

Foco em especialidades
Para especialistas, esse cenário vai ao encontro do crescente enfoque da Pfizer em medicamentos de especialidades, que ganhou evidência a partir da formação da Viatris, fruto de uma joint venture entre a Mylan e a Upjohn, divisão da farmacêutica dedicada à área de primary care.

Essa empresa atuará de forma quase independente para que a Pfizer concentre atenções em medicamentos inovadores. “É um movimento agressivo que pressupõe o incremento de estratégias e ações digitais”, comenta Paulo Gomes, gerente geral do Grupo SSP e CEO da consultoria enter/Varejo.

“Na década de 1970, já se dizia que a tecnologia substituiria a equipe de vendas especializada em propaganda médica. Os velhos folders e materiais impressos deram lugar a tablets e vídeo-conteúdos, mas sem abdicar do calor humano. Agora, somos informados sobre essa decisão justamente em um momento de ansiedade pela retomada dos encontros presenciais. Em um fechamento de negócio, ainda prefiro cultivar o olho, embora entenda que o formato híbrido deve se tornar uma tendência”, constata.

Posicionamento da Pfizer
Nossa redação entrou em contato com a Pfizer por meio de sua assessoria de comunicação no Brasil. O posicionamento da farmacêutica enaltece o momento de transformação na interação com clientes e profissionais de saúde.

Estamos transformando a Pfizer em uma organização biofarmacêutica mais inovadora e ainda mais focada na ciência, e isso significa também mudar a maneira com que interagimos com os profissionais de saúde e que respondemos às necessidades deles e dos pacientes.

Como resultado dessa transformação, deixamos de ter a atividade de promoção e propaganda médica por meio de representantes, propagandistas, promotores e consultores. Não estamos migrando essas atividades para o mundo digital, o que decidimos como companhia foi encerrar essas atividades a partir de uma profunda e completa transformação dentro da organização.

A partir de agora, passaremos a ter interações desempenhadas por colega que ocuparão novas funções – denominada Parceiro de Soluções de Saúde, com novas atividades focadas em eliminar as barreiras de acesso à prevenção, ao diagnóstico e aos tratamentos, buscando facilitar o caminho para soluções personalizadas aos nossos pacientes, profissionais de saúde e pagadores, focando nas necessidades dos médicos, pacientes e instituições e não no produto.

Queremos satisfazer a demanda existente, gerada pela necessidade dos pacientes e de nossos clientes. Temos uma população ávida por saúde e precisamos atuar para atender suas necessidades, que já se fazem presentes.

Por conta dessa transformação, estamos passando por uma profunda mudança estrutural, com a adoção de novos perfis para garantir que tenhamos a expertise e os recursos certos disponíveis para atender às necessidades evolutivas de nossos clientes.

Muitos colegas que possuíam o perfil adequado para essa nova forma de trabalhar assumiram novas posições. Nenhum deles teve que renunciar a benefícios, visto que as novas propostas incorporaram benefícios e valores recebidos.

Nós valorizamos as importantes contribuições que nossos colegas têm feito até agora. Os 126 colegas afetados por desligamento poderão contar com um pacote de suporte adicional ao previsto na legislação, que é composto por um apoio financeiro e de extensão de benefícios de saúde.

Vale reforçar que estamos expandindo nossa atual equipe em determinadas áreas, como por exemplo em nosso grupo médico e de especialistas, já que estamos dando mais ênfase ao intercâmbio científico.

Reafirmamos nosso compromisso com o país, assim como nossos investimentos e realização de iniciativas diferenciadas, como a parceira estabelecida com a Eurofarma para produção de nossa vacina contra a COVID-19 no Brasil. Ao longo de nossos 70 anos, temos apoiado a sociedade brasileira de maneira crescente para contribuir com vidas mais saudáveis e felizes, e continuaremos fazendo isso.

Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/300-demissoes-na-pfizer/

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