Os acionistas da família controladora da Roche Holding AG descartaram uma grande fusão, dizendo que a farmacêutica ganhará mais com o avanço de pesquisas do que com uma grande aquisição.

“Sem dúvida, a era da megafusão acabou”, disse Andre Hoffmann, vice-presidente do conselho fiscal, em uma entrevista. “Vejo as fusões do passado como um sinal de fraqueza: uma empresa da indústria farmacêutica se juntava com outra, porque tinha lacunas no portfólio que não podia preencher.”

A Roche está em um momento de mudanças. A empresa suíça de medicamentos e diagnósticos confia no aumento inesperado de sua receita com testes para covid-19 de tal modo a amortecer a perda de patentes [e de faturamento] de um trio de medicamentos contra o câncer, que alimentou seu crescimento por mais de uma década. Mas o avanço a longo prazo provavelmente dependerá do sucesso de novos medicamentos.

Os membros da família Hoffmann, 63, e Joerg Duschmale, um membro da quinta geração de 37 anos, deram uma rara entrevista coletiva em Basileia, na sexta-feira, em comemoração o 125º aniversário da farmacêutica. Eles disseram que a família continua comprometida em planejar o crescimento a longo prazo da companhia.

A hesitação dos acionistas sobre fusões e aquisições contrasta com a estratégia de rivais como a AstraZeneca Plc, que comprou a Alexion Pharmaceuticals por US$ 39 bilhões no início deste ano. O negócio foi o maior já fechado pela farmacêutica, desde sua fundação em 1999.

Os principais negócios do setor nos últimos anos também incluem a compra da Celgene Corp. pela Bristol-Myers Squibb e da compra da Shire pela Takeda Pharmaceutical Co..

Roche tem uma estrutura acionária com duas classes, com e sem direito a voto. As famílias fundadoras Oeri-Hoffmann possuem 50,07% das ações com direito a voto, enquanto a rival Novartis AG detém um terço. As ações com direito a voto são negociadas a um preço 13% maior do que as ações sem direito a voto, na maior lacuna desde abril de 2011.

O maior risco para a empresa é não conseguir continuar inovando, disse Duschmale, que ingressou no conselho fiscal da Roche no ano passado. “Estou convencido de que também teremos que nos reinventar no futuro e usar as oportunidades que se apresentam na vanguarda da ciência”, disse ele.

Químico, Duschmale trabalhou por três anos nos laboratórios da Roche em Basileia, uma experiência que ele comparou com a de um jogador de futebol que joga na Liga dos Campeões.

A Roche está trabalhando com a BioNTech SE em terapias de RNA mensageiro contra o câncer, uma tecnologia que Duschmale disse ser promissora.

Ele também observou o esforço de usar dados no desenvolvimento de medicamentos, o que, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, fez com que o SoftBank Group Corp. comprasse uma participação na empresa, no mês passado. Ao que Hoffmann negou.

O vice-presidente também disse que crescer por meio de pesquisas é mais sustentável do que por fusões e aquisições. “Você obtém uma base mais ampla desenvolvendo mais pesquisas do que adicionando todas as diferentes áreas terapêuticas”, disse Hoffman, após ter comprado o fabricante de testes para covid GenMark Diagnostics Inc. por cerca de US$ 1,8 bilhão no início deste ano.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/09/11/roche-familia-controladora-descarta-fusao-com-outras-farmaceuticas.ghtml

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