A indústria de genéricos registrou faturamento de R$ 3,1 bilhões com a comercialização de 423 milhões de unidades no terceiro trimestre. Mas um detalhe dos números da Pró-Genéricos chamou a atenção: percentualmente, a receita cresceu 20%, quase o dobro do avanço em volume. E segundo uma análise da XP Investimentos, a pandemia pode fazer com que a participação desses medicamentos nas vendas em farmácias alcance 50% em médio prazo.
“A pandemia contribuiu para mudar o mindset do consumidor em relação à saúde e à prevenção de doenças, o que tende a estimular a adesão aos tratamentos. Ao mesmo tempo, permanece a busca pela economia de custos, favorecendo a demanda pelos genéricos”, avalia Danniela Eiger, analista de varejo da XP.
Atualmente, os genéricos representam cerca de 35% das vendas do varejo farmacêutico brasileiro. Em mercados desenvolvidos, a participação já varia entre 40% e 60%, embora nos Estados Unidos esse índice esteja perto de 80%. “É importante observar que não esperamos que essa lacuna se feche no longo prazo, pois a estrutura dos mercados é muito diferente entre os EUA e o Brasil. No entanto, vemos espaço para essa diferença diminuir”, argumenta Daniella.
Mas o advento dessa categoria pode comprometer a rentabilidade das farmácias? Na visão de Danniela, o efeito pode ser exatamente o contrário. “Observamos uma tendência favorável para o mercado em termos de margens, visto que as margens brutas dos genéricos estão em torno de 55%, enquanto de medicamentos de marca são próximas a 20%. Estimamos que, para cada 1% de ganho de participação nas vendas de genéricos sobre medicamentos de marca, as margens brutas aumentam aproximadamente 0,4%”, projeta.
Dos 20 remédios mais prescritos nos últimos 12 meses até setembro, 15 eram genéricos. “E o avanço mais forte em faturamento do que em unidades demonstra uma alta da participação de medicamentos de maior valor agregado na cesta de consumo”, aponta Telma Salles, presidente executiva da Pró-Genéricos.
Ainda segundo Telma, desde que chegaram ao mercado, há 20 anos, os genéricos já proporcionaram mais de R$ 162 bilhões em economia para o consumidor em gastos com medicamentos. Isso considerando apenas os 35% de desconto previsto em lei.
Nas grandes redes do varejo farmacêutico, o fenômeno dos genéricos ainda é mais tímido. Porém, as vendas da categoria evoluem gradualmente e acompanham o crescimento geral do setor. Números da Abrafarma revelam que o segmento superou a barreira de R$ 6 bilhões de faturamento entre novembro de 2019 e outubro deste ano. O movimento foi de R$ 6,4 bilhões, com alta de 8,3% frente ao mesmo período anterior. A receita geral teve um incremento de 8,4%.
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