Suco de uva teve incremento de 3,5% nas vendas, no mesmo comparativo. Os dados foram divulgados segunda-feira (2), pela Uvibra

A venda de vinhos finos e espumantes do Rio Grande do Sul registrou um crescimento expressivo no primeiro semestre de 2021. O aumento, na comparação com os primeiros seis meses do ano passado, foi de 41% em volume. Os espumantes brut tiveram incremento de 52% e, os moscatéis, de 43%. 

O suco de uva também se posicionou melhor, com incremento de 3,5% nas vendas, no mesmo comparativo. Os dados foram divulgados ontem, pela União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), com base no Sistema de Cadastro Vinícola da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural.
O presidente da Associação Gaúcha de Viticultores, Darci Dani, explica que essa redução nas vendas de vinho de mesa é fruto da escassez de insumos.
— Realmente, a comercialização de vinho de mesa está um pouco abaixo do ano passado. Estamos sofrendo um pouco pela falta de embalagens de vidro e grande redução na venda de vinho a granel para fora do Estado. O vinho engarrafado no RS está praticamente igual ao ano passado — avalia.

O levantamento oficial da Uvibra não traz os números do vinho de mesa, mas o presidente da entidade, Deunir Argenta, menciona que houve uma redução de 6% neste mercado, que no ano passado teve um forte crescimento impulsionado pelo maior consumo na pandemia. Segundo Argenta, na comparação com 2019, o vinho de mesa tem um percentual positivo em 2021.

— No ano passado, os vinhos tiveram, realmente, um crescimento bastante acentuado, chegando até a 60% no ano. Então, nós temos um crescimento bastante acentuado se nós olharmos de 2019 a 2021. Eu vejo que é uma cadeia e o vinho brasileiro realmente entrou no gosto do brasileiro. Eu vejo que é um crescimento constante e acreditamos que ele vá continuar.

Franca recuperação
 O setor se mostra animado com a venda de espumantes, que no ano passado sofreu impacto na comercialização justamente pela falta da realização dos eventos, mas, agora, mesmo no inverno, quando a temperatura não costuma favorecer o consumo, a bebida está em alta. Por outro lado, o resultado da venda de suco de uva é ainda é visto como mais preocupante, apesar da leve recuperação no primeiro semestre deste ano. Em 2020, esse mercado foi afetado com menores vendas para a merenda escolar, devido à ausência de aulas presenciais. 

O presidente da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Helio Marchioro, diz que o setor, em geral, tem se mantido em equilíbrio.

— Se considerar preço e mercado, o suco é um item que dá para começar a esquentar a cabeça, porque depende muito da safra do ano que vem para nós termos, inclusive, a probabilidade de entrarmos em uma oferta baseada no preço, ou seja, baixa preço e vende mais, e isso não é positivo, não é setorial, isso é estratégia individual para desovar estoque — avalia Marchioro.


 

Melhor semestre da história para a exportação
Outro dado do setor vitivinícola que chama a atenção no primeiro semestre deste ano é ampliação das exportações de vinhos e espumantes. Em volume, o país mandou para fora das suas fronteira 409,6 mil caixas de nove litros, um acréscimo de 127% sobre o início de 2020. Em valor, o crescimento foi de 85% e alcançou US$ 5,7 milhões.

Para os espumantes, o principal destino foi os Estados Unidos. Já no segmento de vinhos tranquilos (são todos aqueles que não recebem adição de álcool vínico e que não possuem gás de dióxido de carbono), o Paraguai manteve a liderança. De acordo com Felipe Galtaroça, CEO da Ideal Business, responsável pela pesquisa Exportação de vinhos e espumantes do Brasil, esse é o melhor semestre da história da exportação brasileira.

— Pela primeira vez estimamos que as exportações brasileiras irão superar um milhão de caixas no ano fechado — projeta. 

O Rio Grande do Sul, que detém 90% do mercado brasileiro, foi o Estado que registrou o melhor resultado nas exportações no primeiro semestre, com incremento de 132% em volume e 93% em valor. O presidente da Agavi diz que os resultados são positivos, mas salienta que o mercado externo ainda representa uma pequena parcela das vendas e que o Brasil continua a importar muito mais do que exporta.

Aumento de 50% na venda de espumantes
A Vinícola Salton, de Bento Gonçalves, viu o principal produto da empresa alavancar as vendas no primeiro semestre de 2021. Seguindo a tendência do setor para a categoria, o espumante avançou 50% na comercialização. A expectativa é ainda mais animadora até o final do ano. Com o avanço da vacinação contra a covid-19, a diminuição de restrições a eventos e festas está no horizonte e, com isso, a projeção é de que o consumo aumente, já que este tipo de bebida costuma estar associado a essas atividades e a programações como Réveillon. 

No entanto, o diretor comercial da Salton, Cleber Junior Slaifer, avalia que existe uma mudança de comportamento do consumidor que está mais aberto a beber espumantes em outras épocas do ano:

— O brasileiro está consumindo com maior frequência. Está tendo um consumo que não é só nos picos de final de ano, que eram muito sazonais quando se falava de espumante. A gente vem em um primeiro semestre de crescimento considerável. E, claro, a gente vai para o segundo semestre da empresa com uma visão bem positiva, porque a gente tem cenários, comparando com o ano passado, olhando a pandemia que foi um fator crítico para festas e eventos, que estavam praticamente fechados, e que esse ano aponta já uma melhora, uma certa liberação seja parcial ou total. Então, vai ter mais abertura, mais oportunidades de trabalhar bem a categoria nessa reta final — aposta Slaifer. 

Líder de mercado na venda de espumantes, a Salton tem apostado também em tecnologia e inovação. Neste mês, a empresa lançou um prosecco rosé e programa a colocação no mercado de um frisante em lata.

— Nesses últimos dois anos, a velocidade de reconhecimento está muito fora da curva positivamente. Isso, é claro, reverbera para o nosso mundo do vinho. Então, acredito que todas as vinícolas acabam ganhando com essa movimentação de acreditar mais no produto nacional, ter uma qualidade já percebida. Isso é muito importante para nós, essa quebra de entender que a gente faz coisas de primeiro muito, de entender que a gente é valorizado.

Vinícola amplia comercialização para o exterior
A Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves, alcançou um crescimento exponencial de 415% nas exportações no primeiro semestre sobre o mesmo período do ano passado. Em volume, o índice chega a 583%. 

Com isso, alcança o mesmo patamar de vendas de todo 2020, apenas nos primeiros seis meses de 2021. Além das estratégias em busca de novos mercados, a reabertura de fronteiras e a alta do dólar influenciaram o resultado.

Até o final de junho, a vinícola havia exportado 837 mil litros de sucos, coolers, vinhos e espumantes em 62 contêineres para 17 países. Os dois produtos em que a empresa é líder no mercado nacional também são os que representaram o maior volume de exportações até agora. Foram 330 mil litros de suco de uva e 313 mil litros de Keep Cooler. Isso significa 77% do total. 

— Por exemplo, na China, que é o mercado onde mais temos clientes, são 14 clientes ativos comprando os produtos da Vinícola Aurora. Então, depois que o produto caiu no gosto de alguns importadores, outros foram surgindo buscando o mesmo produto. E também a gente conseguiu, através de feiras, eventos e negociações que vinham desde 2019, solidifica-las (as negociações) em 2021. Então, é um ápice de um trabalho que a gente vem fazendo há nove anos — explica a supervisora de Exportação e Importação da Vinícola Aurora, Giorgia Mezacasa Forest.

Os negócios também estão encaminhados para o segundo semestre deste ano. Outras 37 cargas estão programadas até dezembro. Com isso, a expectativa é de que a Vinícola Aurora feche 2021 com crescimento de cerca de 60% no volume de exportações, apesar da executiva apontar que entraves logísticos são um complicador no momento:

— A gente ainda tem muito suco para exportar. Estamos com uma dificuldade, não só a Aurora e nem só o setor vinícola. Infelizmente, os portos e a navegação são um problema hoje. A gente tem muita dificuldade de encontrar espaços, os fretes estão altíssimos. Então, isso tudo vai ser somado no produto. Eu tenho o produto pronto e não tenho contêiner, porque a gente fez tudo que dava e esbarra em um entrave logístico — critica. 

Vinho cai no gosto da classe C
Levantamento da Outdoor Social Inteligência®, instituto de pesquisas especializado na classe C, mostra que o vinho está entre a prioridade de compras de 34% dos entrevistados. É a segunda entre as mais citadas, atrás apenas da preferência nacional, a cerveja.

— Cada vez mais, o vinho tem ganhado o paladar dos brasileiros. A tendência, que é forte nas classes A e B, começa a ter adeptos na classe C. A população que mora nas favelas está separada por uma questão habitacional, mas a cultura de consumo, em alguns pontos, é similar aos outros públicos – explica Emília Rabello, fundadora do Outdoor Social e especialista em comunicação com a classe C.

A cerveja tem a preferência de 76% dos entrevistados. Depois do vinho, a lista segue com a vodca (27%) e o uísque (13%). A pesquisa foi aplicada a 435 pessoas com mais de 18 anos de comunidades dos municípios de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís e Belém.

Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/pioneiro/economia/noticia/2021/08/nos-primeiros-seis-meses-as-vinicolas-do-estado-tiveram-incremento-de-132-em-volume-exportado-ckrvaaare009p013bbd8fj2lq.html 

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