Tecnologia facilita empresas a cumprirem com suas obrigações ambientais.
Startups verdes que unem tecnologia à sustentabilidade, as chamadas cleantechs, serão cada vez mais decisivas em soluções inovadoras para preservar nosso ecossistema. Renato Paquet, CEO da Pólen e diretor-presidente de Cleantechs da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), descobriu junto ao sócio uma forma de facilitar a declaração de reciclagem de embalagens no Brasil, através da logística reversa via blockchain — que certifica e torna transparente uma transação e base do universo de criptomoedas.
O negócio da Pólen é deixar todo esse processo mais fácil em todo o território nacional e mais oito países, para as instituições que compartilham essas obrigações. São 1,4 mil clientes e 66 mil toneladas de material, ou 2,7 bilhões de embalagens recicladas, só no primeiro trimestre de 2022. Formado em ecologia na UFRJ, Paquet disse à DINHEIRO que a Pólen é um instrumento de realização de um propósito de vida: “O mercado da reciclagem me ajuda a preservar os ecossistemas de forma escalável”.
O tema é sensível a todas as empresas, desde que em 2010 houve a sanção da PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), que especifica como o Brasil lida com o lixo e as obrigações dos setores públicos e privados no gerenciamento dos resíduos. Segundo a PNRS, os produtores de embalagens têm de declarar o recolhimento de 22% do que foi produzido, que corresponde à neutralização desse material.
“É um instrumento de realização de um propósito de vida, o mercado da reciclagem me ajuda a preservar os ecossistemas de forma escalável” Renato Paquet CEO da Polen.
Segundo a Associação Brasileira de Embalagem, desse total, a maioria (37,1%) é material plástico, seguido por metálico (21,4%), papelão (19,7%) e os 21,7% restantes se dividem em papel, vidro, têxtil, madeira, cartolina e papel cartão.
Todo esse processamento é realizado através da logística reversa. Em parceria com as cooperativas de catadores de material reciclável e gestores de resíduos pós-consumo a cleantech cria a estrutura de recolhimento. São geradas as notas fiscais e a documentação de saída e entrada de resíduos. E tudo é consolidado dentro da blockchain e assim é criado um token, que é o crédito de logística reversa — que representa cada tonelada de embalagem neutralizada. “A empresa não precisam organizar toda essa estrutura, é só comprar o token”, disse Paquet.
A identificação é feita através de IA (Inteligência Artificial), que faz a leitura dos dados das notas fiscais e informa os tipos de materiais que estão sendo recolhidos ali e, com esses dados, a empresa consegue gerar o token no software da blockchain. “Toda essa tecnologia é compilada em um software disponibilizado para os clientes que mostra os dados de compensação em tempo real.” A Pólen acaba contribuindo de forma 360o com os objetivos ESG das empresas, já que no início da jornada estão cooperativas de catadores, cuja maioria está em situação de vulnerabilidade social. Além disso, é o consumidor final o auditor desse processo. “É a principal parte interessada para saber se a empresa que você consome está fazendo sua parte”.
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