O reajuste de medicamentos em 2025, previsto para entrar em vigor em abril, deverá ficar abaixo da inflação acumulada pelo IPCA. As estimativas do Valor Econômico têm como base a análise de fontes do mercado e à previsão de que o aumento nos preços ocorrerá em três níveis – medida que foi adotada pela última vez em 2021, em meio à pandemia.
De acordo com as projeções dos bancos, o reajuste médio deve chegar a 4%, o que representaria o menor repasse desde 2018 – quando o percentual foi de 2,8%. As redes de farmácias de capital aberto tendem a ser mais impactadas pelo aumento gradual, justamente por registrarem expressiva elevação na lucratividade no segundo trimestre.
Os analistas Leandro Bastos e Renan Prata, do Citi, projetam reajuste de 4,3%. O J.P. Morgan aposta em 4%, com preços variando entre 2,8% e 5,2%. O IPCA estimado para 2025 está em 5,5%.
Segundo um executivo ligado ao grande varejo farmacêutico, que preferiu não se identificar, as redes tentarão compensar esse reajuste menor na precificação de outas categorias. “Se a empresa tiver caixa e conseguir comprar estoques com preços mais baixos, e depois revender, obtém margens de lucro melhores. Mas se o aumento é menor que a inflação nominal do país, os ganhos são menores”, avaliou.
O mercado financeiro reagiu a essa notícia, que coincide com a rediscussão sobre a venda de medicamentos em supermercados. Nesta segunda-feira, dia 27, ações de grupos como Pague Menos, Profarma e RD chegaram a desacelerar.
Reajuste de medicamentos tem fator X de 2,459%
O cálculo do reajuste de medicamentos levará em conta o fator X (produtividade) de 2,459%, de acordo com nota técnica da Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, que compõe o CMED.
Esse índice não corresponde ao reajuste final, mas tem um peso considerável na tomada de decisões. Com base nessas projeções, especialistas acreditam que o primeiro nível de aumento será integral e contemplará remédios como amoxicilina e omeprazol.
O nível 2 equivaleria à metade do fator X (1,22%) e impactaria categorias com média concorrência, a exemplo da lidocaína e nistatina. O aumento seria ainda menor em medicamentos com baixa concorrência ou que são monopolistas. A lista incluíria ritalina e stelara (psoríase). Para esse grupo seria aplicado IPCA menos 2,45%.
Governo pensa em rever regulação sobre o tema
A regulamentação dos preços de medicamentos será modificada pelo governo federal. O modelo utilizado atualmente é considerado defasado e, por isso, o Ministério da Economia colocou a pauta como uma das 25 prioritárias para os próximos dois anos. As informações são do Diário do Comércio.
A Anvisa, junto aos ministérios que compõem a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) – Casa Civil, Fazenda, Justiça e Saúde – já debatem as possíveis mudanças. O marco legal atualizado também levará em conta aqueles remédios comprados por via judicial.
A ideia seria estabelecer uma revisão extraordinária em casos nos quais a precificação dos medicamentos está muito errada, seja para cima ou para baixo. Segundo a reportagem, fontes internas afirmam que, no passado, não havia uma discrepância tão grande entre os valores.
Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/reajuste-de-medicamentos-pode-ser-inferior-a-inflacao/
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