O estande da Granado e da Phebo na luxuosa loja de departamentos parisiense Le Bon Marché era para ser temporário e funcionaria apenas durante a operação comercial “Le Brésil Rive Gauche”, realizada entre abril e junho do ano passado. Mas diante do resultado positivo, bem acima das previsões iniciais de vendas feitas pela loja francesa, as duas marcas brasileiras de cosméticos conquistaram espaço permanente em Paris, a capital mundial da perfumaria.
Mais de 120 marcas brasileiras de roupas, acessórios, decoração e alimentos participaram, em 2013, do evento comercial sobre o Brasil no Le Bon Marché, fundado em 1852 e que pertence ao grupo LVMH, maior grupo de luxo do mundo. Na área de moda e beleza, somente a Granado e a Phebo passaram a ser comercializadas de maneira permanente.
Os biquínis da grife Adriana Degreas voltaram ser vendidos neste ano na loja, na coleção primavera-verão, pelo prazo de seis meses. Ainda como resultado da operação comercial em 2013, oito marcas brasileiras de alimentos e bebidas ganharam espaço nas prateleiras da La Grande Épicerie de Paris, a sofisticada loja de produtos gastronômicos do Bon Marché. Mas, evidentemente, é mais fácil para fabricantes de cachaça, palmitos ou geleia de acerola conseguirem lançar produtos na França do que para uma marca de cosméticos.
“As vendas da Granado e da Phebo ultrapassaram, na época do evento, 20% a 30% as previsões iniciais. Isso reforçou nossa visão, na época, de que essas marcas tinham potencial para funcionar a longo prazo na loja”, diz Marie-Françoise Stouls, diretora do departamento de cosméticos do Le Bon Marché.
“Adoramos as duas marcas quando as descobrimos. Elas têm uma história, são emblemáticas no Brasil, têm uma identidade forte, também em relação às embalagens, e utilizam ingredientes naturais”, diz Stouls, acrescentando que os preços são acessíveis.
O sabonete em barra Odor de Rosas, da Phebo, o produto mais vendido na loja, custa € 3,50 (o líquido custa € 10). Outra linha com bons resultados nas vendas em Paris, segundo Stouls, é a Mediterrâneo, com fragrâncias como limão siciliano e alfazema provençal (os sabonetes custam € 3,50 e, as águas de colônia, € 28). Entre os artigos da Granado, as linhas com maior destaque são a Pink, com produtos para os pés e mãos (€ 15 a cera nutritiva para unhas, uma das mais vendidas) e a Vintage, que integra o “sabonete bola” (€ 15), e os produtos “Carioca”, que foram criados especialmente para o Le Bon Marché e depois lançados no Brasil.
Não é fácil entrar no catálogo de cosméticos da loja, exceto, claro, no caso de grandes grifes de luxo internacionais como Lancôme ou Dior e Guerlain (que pertencem ao grupo LVMH). O Le Bon Marché deixou de vender, há mais de 20 anos, marcas como L’Occitane e também produtos de beleza e de higiene pessoal encontrados em farmácias e preferiu concentrar-se em marcas de nicho com distribuição mais seletiva na França.
A Phebo foi comprada pela Granado em 2004. O Bon Marché tem a exclusividade das duas marcas na França, mas elas também podem ser encontradas em algumas pequenas, e poucas, lojas que só vendem artigos brasileiros. Não houve interesse em relação à Natura porque a marca possui uma butique própria em Paris, a poucos metros do Bon Marché, diz Stouls.
Segundo a diretora, as vendas da Granado e Phebo vêm crescendo, em média, de 5% a 10% ao mês na loja, após a realização do evento “Le Brésil Rive Gauche”, que teve ampla divulgação na cidade.
O Le Bon Marché reúne 190 referências de produtos das duas marcas. Por mês, são vendidas, em média, 1,2 mil unidades. A loja não divulga a receita.
“Temos picos de vendas, como o Natal, o Dia dos Namorados e o Dia das Mães”, afirma Stouls. A clientela, segundo ela, é “muito fiel” e majoritariamente francesa. “Também há brasileiros que moram em Paris, além de turistas estrangeiros”, acrescenta. Os produto são comercializados ainda no site da loja para uma clientela de outras regiões francesas, principalmente.
O estande das marcas, que acaba de completar um ano de existência, reproduz o visual da loja centenária da Granado no centro do Rio. Uma equipe francesa visitou a primeira unidade da marca para recriar o mesmo estilo das prateleiras e móveis antigos. Até a poltrona na entrada também existe no estande parisiense, situado na seção de lingeries.
“O Le Bon Marché lança tendências em Paris. Ficamos surpresos com a aceitação do consumidor francês, acostumado a produtos sofisticados”, afirma Luíza Ferrez, relações públicas da Granado e Phebo. “Nosso objetivo é continuar desenvolvendo as atividades com essas duas marcas e fazer com que elas cresçam na França”, diz a diretora do Le Bon Marché, que reivindica o título de loja de departamentos “mais parisiense” – e, portanto, mais sofisticada – da cidade.
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