Juntar as pontas da indústria e do varejo com os agentes envolvidos na reciclagem de vidro foi a solução encontrada pela Diageo, multinacional dona de várias marcas de bebidas, para implantar um programa de logística reversa “programada”.
O termo dá uma ideia do compromisso assumido pelos parceiros para fazer o ciclo funcionar em quatro cidades, no Sudeste e no Nordeste. São 105 bares e restaurantes, sete cooperativas, uma fabricante de embalagens de vidro e mais três empresas de bebidas.
O projeto Glass is Good surgiu em 2008, a partir de uma sugestão de funcionários da Diageo para dar destino correto às garrafas – antes mesmo de ser instituído o Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
A prática começa nos bares, restaurantes e casas noturnas, que se comprometem a separar e armazenar as garrafas consumidas. Cooperativas conveniadas à Diageo percorrem esses locais – em São Paulo, onde a coleta é diária, a multinacional doou um caminhão para isso – e recolhem os vidros da marca, assim como os da concorrência, além de outros materiais recicláveis.
Os cerca de 180 cooperados usam equipamentos de segurança para separar as garrafas por cor e máquinas específicas para triturar o vidro. O material é vendido a preço de mercado para a indústria vidreira Owens-Illinois, que beneficia os cacos para retirar impurezas. Levado às fornalhas, o vidro demora cerca de 30 horas para derreter. Após essa etapa, está 100% reciclado e se converte novamente em matéria-prima, reutilizada na produção de novas embalagens.
O uso do material reciclado poupa energia na produção, porque o ponto de fusão do vidro é menor. A cada 10% adicionais de cacos, a economia de energia é de 2,5% em relação ao processo que utiliza só matéria-prima virgem.
O projeto começou em São Paulo e se expandiu para Recife, Fortaleza e Campinas (SP), cidades onde há unidades da Owens-Illinois. As fabricantes de bebidas Heineken e Cia Müller se juntaram ao projeto e, mais recentemente, a Pernod Ricard, dona de marcas como Absolut e Chivas.
Grazielle Parenti, diretora de relações corporativas da Diageo, diz que o objetivo do programa é reduzir o impacto do vidro no ambiente, movimentando toda a cadeia. Em São Paulo, a empresa recicla 14% do volume de vidro que coloca no mercado. A meta para 12 meses até junho é de 2 toneladas, dentro de um plano maior de dobrar o ritmo do início do programa com a extensão para mais cidades, em estudo.
Para as cooperativas, a ação traz segurança e previsibilidade. Na Viralata, de São Paulo, o volume reciclado passou de 5 a 7 toneladas por mês para cerca de 70, conta José Antônio, tesoureiro da cooperativa. De junho de 2013 a junho de 2014, a venda de cacos de vidro rendeu R$ 181 mil para as cooperativas parceiras; a de outros recicláveis, R$ 76 mil.
Fonte: http://www.datamark.com.br/noticias/2015/4/hora-certa-para-reciclar-vidro-172233/
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