Desde o anúncio da aquisição de 51% da Empório Body Store pela L’Oréal, em outubro de 2013, os consumidores brasileiros aguardaram ansiosamente um ano pela chegada da The Body Shop ao país. Mas valeu a pena esperar. Conhecida por seus produtos de base natural e vegetal, fabricados de maneira sustentável, a The Body Shop mostrou que veio para ficar, com a inauguração de novas lojas e a transição de unidades da Empório Body Store para a nova bandeira.
“Nossa previsão é que todas as lojas Empório Body Store se transformem em The Body Shop em 2015,” afirma Tobias Chanan, fundador da Empório Body Store, que assumiu o cargo de CEO da rede após a fusão. Segundo ele, a ideia é manter o conceito e a atmosfera de empório cosmético, com um mix de produtos das duas marcas em todos os pontos de venda. Sobre especulações que envolvem a abertura de uma fábrica da The Body Shop no Brasil, Chanan diz que “neste primeiro momento, todos os itens da marca serão importados”.
500 lojas em cinco anos
Embora dados sobre investimentos e desenvolvimento de produtos no Brasil ainda não tenham sido divulgados, a The Body Shop anunciou que planeja expandir o número de franquias de 122 para 500 em cinco anos. “A marca está sendo muito bem recebida e estamos cuidando do projeto com carinho para seguir com uma relação sólida, com mercado e público, que conquistamos nestes primeiros meses no país,” afirma Chanan.
Matérias-primas brasileiras
O projeto brasileiro pode ser uma boa oportunidade de expandir o uso de matérias-primas nativas pela The Body Shop. Atualmente, a multinacional trabalha em parceria com comunidades de agricultores, artesãos e cooperativas rurais em mais de 20 países, mas apenas duas matérias-primas são extraídas de solo brasileiro – óleo de soja e óleo de babaçu – e os produtos fabricados a partir desses insumos ainda não estão disponíveis no Brasil.
Um sucesso brasileiro
Reinventar seu modelo de negócio nunca foi problema para Chanan, que inaugurou a Body Store em 1997, com uma loja de cosméticos importados no Shopping Iguatemi, em Porto Alegre. A operação foi viabilizada pelo câmbio favorável e a popularidade dos produtos internacionais no mercado brasileiro na década de 90. Mas foi só em 2001 que a marca ganhou o caráter de empório: inspirado por uma viagem à Califórnia, Chanan adotou um conceito artesanal para a fabricação dos produtos, que segue como a principal filosofia da empresa.
Dez anos depois, o empresário Hélio Seibel, enxergou o potencial da Empório Body Store e adquiriu 65% da empresa, o que possibilitou a instalação de uma fábrica própria e a consolidação do modelo de franquias. Com um faturamento de R$ 20 milhões em 2012, atraiu a atenção da The Body Shop, que já tinha operações em 60 países, mas ainda estava estudando sua entrada no varejo brasileiro.
As lojas da The Body Shop no Brasil se unem a mais de três mil pontos de venda em todo o mundo. Entre seus produtos icônicos, está a primeira body butter do mercado, lançada em 1992. Segundo dados da empresa, uma unidade do produto é vendida a cada dois segundos. Já a Empório Body Store ficou conhecida no Brasil por suas linhas Lolita, Leite de Cabra e Sakura No Ki, com artigos para o banho e o cuidado do corpo.
Chanan afirma que a expansão da marca continuará ocorrendo através do sistema de franquias, que exigem um investimento inicial superior a $400 mil para o franqueado. A inglesa Lush, que retornou ao Brasil em março, e a Australiana Aesop, que abre sua segunda loja em São Paulo em janeiro de 2015, estão entre as concorrentes da The Body Shop no país. Não por acaso, as três marcas possuem diversos valores em comum, incluindo o apoio a iniciativas de comércio justo e a campanha contra testes em animais.
Em março deste ano, o posicionamento cruelty-free da The Body Shop foi colocado em questão após investigação de que os produtos vendidos na China poderiam ser submetidos a testes em animais. Embora os produtos fossem vendidos apenas em lojas duty-free nos aeroportos, onde o procedimento não é obrigatório, o governo chinês afirmou que todos os cosméticos comercializados no país podem estar sujeitos aos testes, o que resultou na imediata remoção dos itens das prateleiras. “Não testar em animais é um dos principais pilares da The Body Shop desde 1976, quando o assunto ainda não tinha a força de hoje. A marca foi pioneira na iniciativa e mantém essa determinação rigorosamente em todos os países em que está presente,” conclui Chanan.
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