A Natura reforçou a gestão de caixa no segundo trimestre e será seletiva em investimentos neste ano devido ao cenário econômico difícil. A companhia aposta também em novidades tecnológicas e lançamentos para estimular o canal de vendas diretas, mas continua a enfrentar dificuldades em seus resultados.
O lucro líquido da fabricante de cosméticos somou R$ 116,7 milhões de abril a junho, queda de 33,7% em relação a igual período do ano passado. Uma provisão de R$ 50 milhões para aquisição de parcela remanescente de 28,66% na australiana Aesop derrubou os ganhos. A empresa calcula que, sem a provisão, a retração do lucro seria de 15,4%.
A receita líquida aumentou 7% e totalizou R$ 1,92 bilhão. O faturamento no Brasil caiu 4,6%, para R$ 1,4 bilhão, mas avançou 59,6% nos mercados externos, para R$ 520,1 milhões. Em um ano, a participação de receitas internacionais subiu de 18,1% para 27%.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 357,2 milhões, alta de 1,4% ante igual período de 2014. As despesas com vendas, marketing e logística subiram 12,9% no trimestre, para R$ 745,8 milhões. Os gastos com pesquisa e desenvolvimento, tecnologia da informação e projetos alcançaram R$ 298,8 milhões, alta de 15,8%.
Média de estimativas de seis casas de análise (BTG Pactual, JP Morgan, Itaú BBA, Banco Votorantim, Credit Suisse e Bradesco BBI) projetava receita líquida de R$ 1,89 bilhão, lucro de R$ 159,7 milhões e Ebitda de R$ 358,3 milhões.
Entre os pontos positivos, a empresa foi mais eficiente na gestão de estoques e melhorou a atividade de cobrança,
com redução de dias nas contas a receber e queda da inadimplência, disse José Roberto Lettiere, vicepresidente de finanças e relações institucionais da Natura, em teleconferência com jornalistas para comentar os resultados.
A geração de caixa livre somou R$ 281,3 milhões, alta de 91% ante igual período de 2014. A companhia reduziu o capital de giro de R$ 32,4 milhões para R$ 156,9 milhões. Os investimentos passaram de R$ 100,7 milhões de abril a
junho de 2014 para R$ 90,8 milhões em igual período deste ano.
A Natura vai priorizar investimentos em infraestrutura, inovação e crescimento neste ano, acrescentou Lettiere. A estimativa de capex de R$ 385 milhões para 2015 está mantida.
O segundo semestre é historicamente o mais forte para a empresa, pela maior concentração de dias festivos. A Natura planeja campanhas agressivas de vendas no período e conta com ferramentas de ajuste de crédito e otimização da rede. “Teremos de ser cautelosos com gastos,custos, para passar o momento de maior volatilidade”, disse Lettiere.
A companhia passa por uma série de otimizações de processos em infraestrutura e mercado, mais do que cortes de custos, afirmou o executivo. “A própria gestão dos estoques nos ajuda a ser mais eficientes e isso traz melhores resultados.”
A empresa diz que não há definição sobre novo aumento de preços, depois de um reajuste em fevereiro e outro em junho. “Olhando as margens, diante de um cenário mais desafiador, com câmbio e carga tributária altos, estamos conseguindo controlar essa dinâmica.”
A base de representantes de vendas no Brasil cresceu 1,8%, mas a produtividade retraiu 3,6% no trimestre, com
queda de 15% dos volumes. Houve aumento de 15% no tíquete médio (valor por unidade), impulsionado pelo mix de produtos, com destaque para perfumaria.
Sobre a possível inclusão de produtos para animais no estatuto, a empresa diz analisar vários projetos e mercados
atrativos e quer deixar a parte burocrática pronta para o caso de algum desses produtos ficar pronto. “Nosso foco é na venda direta, cosméticos.
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