A compra da Avon pela Natura pode encontrar restrições por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), segundo os analistas do Goldman Sachs, pelo fato de a combinação das duas companhias resultar em uma
entidade com mais de 30% de participação de mercado nos segmentos de cuidado para pele e cosméticos, acima do patamar em que a agência antitruste classifica como concentração de mercado.
Os analistas Irma Sgarz, Thiago Bortoluci e Rod Cuestas citam dados da consultoria Euromonitor de 2017, os mais recentes disponíveis, apontando que a Natura e a Avon teriam 30% do mercado de produtos de cuidados para pele, ficando a frente de O Boticário, que tem 14%, e ficariam com 34% do mercado de cosméticos, enquanto O Boticário teria 11%.

Ela teria também uma posição proeminente na parte de fragâncias, com 28% de mercado e produtos para banho (17%), ainda que menor que outras empresas.
“Notamos que, quando analisa a concentração de mercado em outros setores, como educação, a agência antitruste brasileira Cade tende a definir como alta concentração uma participação de mercado acima de 20%”, diz trecho do relatório.
Os analistas do Goldman Sachs citam, no relatório, as dificuldades enfrentadas pela Natura em incorporar a rede britânica The Body Shop, cuja aquisição foi anunciada em 2017, como um fator a ser considerado na análise de uma aquisição da Avon.

Alavancagem
Eles também destacam a intenção expressada pela administração da Natura após a aquisição da The Body Shop de retornar a alavancagem financeira, medida pela relação entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) para 1,4 vez em 2021. A empresa encerrou 2018 com uma alavancagem de 3,2 vezes. A Avon, por sua vez, registra uma alavancagem de 3,9 vezes, sendo que ela atinge 5,8 vezes se ajustada para considerar créditos tributários de US$ 195 milhões com IPI e uma baixa contábil de US$ 94 milhões.
“Também ressaltamos que a Avon enfrentou problemas no Brasil nos últimos 18 meses, com desempenho abaixo de seu principal competidor em vendas diretas, a Natura, desde o segundo semestre de 2017”, diz trecho do relatório.

Fonte: https://www.valor.com.br/empresas/6182729/sachs-compra-da-avon-pela-natura-pode-enfrentar-resistencia-do-cade

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