No escritório da All Ore, uma empresa pré operacional de mineração, com capital aberto na Bolsa brasileira desde 2009, o preço do minério de ferro já não é mais pauta de reunião nem motivo de dor de cabeça para o investidor alemão Dirk Adamski, dono da companhia.
No ano passado, enquanto o preço da commodity despencou mais de 50% no mercado internacional, ele estruturou uma mudança radical – e inusitada – na empresa, que passará a vender, entre outras coisas, máscara para cabelos oleosos, xampu para manutenção diária de cabelos loiros e pomada capilar.
A mineradora divulgou na terça-feira, 27, na Comissão de Valores Mobiliários(CVM), que seus acionistas aprovaram a “descontinuação” dos negócios no mercado de commodities e a aquisição da Sweet Hair, empresa de cosméticos especializada em produtos capilares, sediada em São Paulo, e ainda desconhecida em seu próprio segmento.
“A crise do minério desanimou bastante os investidores e, ao mesmo tempo, eles descobriram que o Brasil é o segundo maior mercado do mundo no segmento de cosméticos para cabelos”, disse Jorge Gustavo Lara Paravela, diretor de relações com investidores da All Ore.
Entre janeiro e setembro do ano passado, a mineradora acumulou prejuízo de R$ 4 milhões. Os cinco projetos que a companhia tentou desenvolver no País não saíram do papel até hoje e estão completamente parados há pelo menos seis meses.
O alemão Dirk Adamski, principal acionista, não tem tradição nem no segmento de mineração nem no de cosméticos. No documento apresentado à CVM na ocasião da abertura de capital da All Ore, o investidor é qualificado como alguém que tem “vasta experiência no desenvolvimento de negócios internacionais”.
Ele fundou em Frankfurt o fundo de investimentos Metropolis Capital Markets e é proprietário do Scopas Medien, um estúdio de filmes de animação.
Na Sweet Hair, Adamski vai investir inicialmente R$ 25 milhões para disputar um mercado que movimenta por ano R$ 18 bilhões e é dominado por multinacionais como a francesa LOréal, que no ano passado comprou a Niely, e pela anglo-holandesa Unilever.
“A Sweet Hair será a segunda empresa de cosméticos do País com capital aberto, o que já é uma vantagem competitiva”, diz Roberto Sidi, da butique de investimentos Alpha Venture, que assessorou a empresa. Hoje, a única do setor com ações negociadas na Bolsa é a Natura.
Origem
Fundada pelo paulistano Paulo Kazaks, de 32 anos, a Sweet Hair desenvolveu uma linha com 110 produtos para cabelos, que são vendidos em 40 mil salões de beleza pelo País e exportados para Ásia, Europa e Estados Unidos.
A empresa foi criada em abril de 2011, depois que Kazaks deixou o cargo de gestor corporativo da Mont Blanc no Brasil para empreender com outros dois amigos.
No ano passado, ele estreou no segmento de franquias, abrindo salões de beleza para promover exclusivamente os produtos da marca.
Hoje, há dez unidades em operação e outras 42 duas devem ser inauguradas nos próximos oito meses, segundo o empresário. Em março, os produtos devem começar a aparecer nas prateleiras de supermercados como o Carrefour.
“Temos a ambição de expandir internacionalmente e a parceria com Dirk Adamski será fundamental”, diz Paulo Kazaks.
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