Dois medicamentos à base de liraglutida – o Olire, usado para combater a obesidade, e o Lirux, indicado para tratar o diabetes tipo 2 – passarão a ser produzidos inteiramente no Brasil, após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conceder autorização à farmacêutica EMS para fabricá-los.

A comercialização dos produtos vai começar ainda em 2025. Foram dois anos e três meses até a aprovação do registro, conforme explica o diretor médico da EMS, Iran Gonçalves Júnior, em entrevista à Esfera Brasil. “A submissão do dossiê da liraglutida à Anvisa pela EMS ocorreu em setembro de 2022, mas todo medicamento começa a ser desenvolvido bem antes de ser submetido. No caso específico deste produto, diríamos que muito antes. Se somarmos todo o processo de desenvolvimento, análises e diversas fases protocolares de estudos, podemos considerar cerca de dez anos”, lembra.

Paralelamente, a farmacêutica vinha submetendo sua fábrica à FDA (agência reguladora dos Estados Unidos) e ao Infarmed (da Europa). “A liraglutida deverá ser exportada para vários países do mundo, incluindo os EUA, respeitando as aprovações locais e legislação de patentes”, ressalta o diretor.

O que é a liraglutida?

A liraglutida é uma substância análoga ao GLP-1, hormônio que é produzido pelo intestino e liberado na presença de glicose. Ele é responsável por sinalizar ao cérebro a sensação de saciedade, o que diminui o apetite – além de aumentar os níveis de insulina e equilibrar os níveis de açúcar no sangue. A substância também é considerada “prima” da semaglutida, utilizada na produção dos medicamentos Ozempic e Wegovy.

Estudos indicam que os análogos de GLP-1 representam uma revolução no manejo da obesidade e do diabetes, reduzindo riscos de complicações graves, como doenças cardíacas, renais e até alguns tipos de câncer. O uso desses medicamentos também contribui para uma menor necessidade de outras medicações, o que melhora a qualidade de vida dos pacientes e reduz custos para o sistema de saúde”, afirma Iran Gonçalves Júnior.

Como funcionam os medicamentos

Diferentemente da semaglutida, que costuma ser aplicada uma vez por semana, a liraglutida tem um padrão de aplicação que consiste em injeções subcutâneas diárias. Isso se mantém no caso dos medicamentos Olire e Lirux.

Com a tecnologia acoplada para essa produção, a EMS pretende lançar posteriormente uma gama de medicamentos à base de peptídeos complexos. “A produção de Olire e Lirux já utiliza uma tecnologia avançada, e esse mesmo avanço permitirá o lançamento de novas gerações de hormônios peptídicos bi e tri agonistas, que estão em ascensão no mercado mundial”, garante o diretor médico.

Fonte: https://exame.com/esferabrasil/apos-aprovacao-da-anvisa-ems-vai-produzir-versao-nacional-do-ozempic-e-visa-exportacao/

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