O CEO da Natura & Co, Roberto Marques, disse em entrevista à Efe que o faturamento da holding, a quarta maior do mundo no setor de cosméticos, aumentou no terceiro trimestre devido às vendas pela internet durante a pandemia, mas pediu cautela diante de uma crise que “está longe de terminar”.
O grupo, que concluiu em janeiro deste ano a compra de sua concorrente, a americana Avon, conseguiu responder ao “desafio” da pandemia graças ao comércio eletrônico e à venda direta por meio das redes sociais. Nesses canais, as vendas aumentaram 115% no terceiro trimestre, conforme destacou o presidente do conselho da Natura, empresa brasileira que tem forte presença na América Latina.
Segundo Marques, a adaptação digital em meio à crise do coronavírus e a reabertura das lojas, permitiu à empresa aumentar o seu faturamento em cerca de 32% em termos consolidados no terceiro trimestre do ano, para 10,4 bilhões de reais.
A Natura & Co está presente em cem países por meio de suas quatro marcas: Natura, The Body Shop, Aesop e Avon, que oferecem maquiagem, produtos de cuidados pessoais, cosméticos e perfumes, entre outros.
“Comemoramos o terceiro trimestre, mas estamos atentos porque a crise está longe de acabar e o quarto trimestre é o mais importante”, afirmou Marques, que citou a incerteza gerada pela crise do coronavírus, principalmente após a segunda onda da pandemia que já atinge vários países europeus. O CEO disse estar atento às medidas adotadas pelos diferentes governos para conter o avanço do vírus.
“Apesar de termos tido um crescimento de vendas muito forte e melhora de margens no terceiro trimestre, ainda estamos muito cautelosos. Temos visto no mundo, na Europa, vários países voltando ao confinamento e fechando lojas, como é o caso da Inglaterra”, destacou Marques.
Maior integração na América Latina
Apesar da crise do coronavírus, o grupo tem identificado “muitas possibilidades” de expansão “orgânica” e espera acelerar a integração da Avon e da Natura, principalmente na América Latina. “Temos várias oportunidades de expandir as marcas do grupo, aproveitando a infraestrutura que temos. Não temos todas as marcas em todos os países e temos um plano de crescimento orgânico”, diz o CEO.
Marques disse que vê “muitas oportunidades” na Ásia, principalmente na China, mercado que a empresa levou em consideração ao fortalecer sua estrutura de capital com o fechamento da oferta pública de 1 bilhão de dólares em ações.
Além da expansão geográfica, o CEO destacou que a capitalização – a maior operação desse tipo em produtos de consumo na América Latina – vai melhorar o balanço do grupo, acelerando o processo de redução de dúvidas.
“Já usamos parte desses recursos para pagar um bônus da Avon existente com vencimento em 2022, com juros altíssimos, incompatíveis com a estrutura do grupo. Isso muda o perfil do grupo e o deixa mais forte do ponto de vista de capital”, acrescentou.
A capitalização, segundo ele, também vai facilitar os investimentos para a digitalização, que deu mais um passo com o lançamento de uma plataforma própria de serviços financeiros no Brasil (&Co Pay). “Queremos expandi-lo para a América Latina e o mundo, como uma unidade de negócios, oferecendo serviços para consultoras e revendedoras”, explica.
Agenda sustentável
Marques destacou que um dos pilares estratégicos do grupo é a agenda da sustentabilidade, que, segundo ele, tem estabelecido “objetivos ambiciosos” e “metas agressivas” que envolverão “investimentos significativos”. Um dos objetivos é zerar a emissão de carbono até 2030, duas décadas antes do estabelecido pela própria ONU.
“A Natura é neutra em carbono desde 2017, mas queremos atingir a emissão zero de carbono no grupo como um todo. É um desafio muito grande, que abrange toda a cadeia”, afirmou. Para cumprir o seu compromisso com o meio ambiente, o presidente executivo da empresa destaca a importância de estabelecer um diálogo com “players importantes no processo”, como o setor privado ou o próprio governo, para encontrar “soluções conjuntas”.
Fonte: https://cosmeticinnovation.com.br/ceo-da-natura-diz-que-a-crise-esta-longe-de-acabar/
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