Dados de crescimento de vendas acirram queda de braço entre gigantes de beleza

A divulgação dos dados de vendas de produtos de beleza levantados pela consultoria Euromonitor nas últimas semanas acirra a queda de braço entre as gigantes brasileiras Natura e Boticário.

No início do mês, o Grupo Boticário declarou ter registrado um crescimento superior a 30% nas vendas totais em 2023 na comparação com o ano anterior, levantando repercussão no mercado de que estaria se aproximando da liderança da Natura.

À Folha João Paulo Ferreira, CEO da Natura&Co América Latina, reagiu. A holding Natura&Co abrange as marcas Natura e Avon atualmente.

“Nós nos mantemos na liderança, tanto no Brasil como na América Latina, razoavelmente longe do segundo lugar em qualquer um dos conceitos. Não vou comentar meu concorrente, mas o que eu posso afirmar, com felicidade, é que a gente segue liderando em Brasil e América Latina”, diz o executivo ao ser questionado sobre a concorrência pela reportagem. Ele também exerce a função de presidente da Natura no Brasil.

 
Ferreira se refere ao GMV (Gross Merchandise Volume), o volume bruto de mercadorias, na tradução em inglês, que representa as vendas totais.

O valor declarado do GMV pelo Boticário superou R$ 30,8 bilhões em 2023, enquanto a Natura&Co América Latina teve R$ 40 bilhões, mas se forem incluídos os produtos de outras categorias que fazem parte do portfólio da Avon além dos cosméticos, foram R$ 44 bilhões em 2023.

Globalmente, excluindo-se as marcas The Body Shop e Aesop, vendidas no ano passado, a holding Natura&Co fechou o ano com R$ 48,5 bilhões de GMV em itens cosméticos, segundo a empresa.

Em suas divulgações de resultados financeiros, o grupo Natura não costuma apontar o GMV, mas o termômetro é oportuno na tentativa de comparar os concorrentes.

“Quando uma empresa reporta suas receitas, elas são líquidas dos impostos, das deduções, e se a venda foi feita por um franqueado. A receita apurada não é necessariamente o valor de mercado que chega ao consumidor. O GMV é importante porque equaliza as experiências entre canais de vendas. Não importa onde o consumidor comprou. Como todas as empresas estão caminhando para a multicanalidade, a forma de comparar o quanto elas vendem é o que o consumidor paga”, diz Ferreira.

De acordo com o Grupo Boticário, o desempenho de seu GMV em 2023 foi o maior já anunciado pela companhia. O crescimento de 30% é atribuído à expansão dos canais de vendas, dos parceiros em multimarcas e à consolidação em categorias de produtos.

Além de O Boticário, o grupo tem marcas como Vult, Eudora, O.u.i e Truss. No ano passado, o setor de farmácias se tornou o principal canal de distribuição de sua operação B2B (negócios entre empresas).

O avanço do grupo Boticário no indicador suscita comparações porque o grupo Natura passa por fortes transformações na última década. Em 2023, vendeu a marca australiana Aesop, adquirida e 2013, e a britânica The Body Shop, que havia comprado em 2017. A americana Avon foi comprada em 2020, formando a Natura&Co.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/04/ceo-da-natura-minimiza-avanco-do-boticario-e-diz-que-segue-de-longe-na-lideranca.shtml

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