Desde o final de 2019 no comando da área de Inovação da gigante peruana Belcorp, uma das três maiores companhias latino-americana de beleza, o brasileiro Daniel Gonzaga tem a missão de tornar a operação de P&D da companhia mais ágil para responder de forma mais rápida às novas necessidades dos consumidores. O Chief Scientific Officer da Belcorp fala mais sobre os desafios nesta entrevista à Atualidade Cosmética.
Quais são as suas prioridades à frente da área Científica da Belcorp?
Entre as prioridades principais estão à construção de plataformas científicas diferenciadoras e a aceleração na adoção de modelos ágeis de gestão para impulsionar nossas marcas.
Grandes empresas, como é o caso da Belcorp, costumam ficar reféns do seu próprio tamanho, o que torna os processos de inovações e go to market mais lento do que em empresas menores. Como você pretende acelerar esse processo?
O processo de implementação de modelos ágeis tem permitido ganhos expressivos de time to market , bem como uma rápida adequação aos frequentes movimentos de tendência observados recentemente nos mercados que atuamos.
A Belcorp opera em diferentes países da América Latina hispânica, que exceto pela língua, tem pouco em comum uns com os outros, seja em questões de fisiologia da pele, climáticas, hábitos de consumo ou condições econômicas. Podemos vislumbrar as marcas da Belcorp desenvolvendo mais produtos para atender às necessidades de mercados específicos, como o peruano, o colombiano ou o chileno?
Uma das grandes vantagens da venda direta á a sua proximidade com o cliente e a capacidade de retroalimentação das suas necessidades. A vantagem de trabalhar com produtos mais padronizados está na sua escalabilidade e na otimização dos custos. A customização por geografias tem que ser avaliada caso realmente existam diferenças expressivas de perfil de consumidor.
Em que nível se encontra o uso de tecnologias como AI e machine learning hoje na área de P&D da Belcorp? Esse é um foco de investimentos da companhia?
A digitalização é outra tendência super relevante que é mandatória para o sucesso da inovação. Desenvolver modelos preditivos a partir de inteligência de dados e de bioinformática que permitam uma rápida decisão e reduzam o retrabalho são fundamentais para acelerar o processo inovação e gerar ganhos expressivos de produtividade.
Um ponto curioso na sua trajetória, toda construída na área de P&D, é que entre 2010 e 2013, você atuou como Gerente-Geral da operação da Natura no Perú. Ter a responsabilidade sobre todo negócio mudou a sua visão sobre como pensar e gerir a área de Inovação e Desenvolvimento?
Minha experiência como Gerente Geral de uma operação no Peru foi, sem dúvida, de extrema importância para o conhecimento do mercado, dos clientes, consultoras de venda direta e consumidores finais. A importância da área de inovação conhecer melhor os clientes, entender suas necessidades e poder contribuir no processo de recomendação de produtos são alguns dos benefícios dessa maior proximidade do mercado.
A Belcorp tem uma longa história de desenvolvimento de produtos com inovação e muita tecnologia embarcada, especialmente em seus itens de cuidados com a pele. Mas também é de conhecimento público que a empresa sempre teve um approach muito mais “europeu” no desenvolvimento dos seus produtos de pele, trabalhando com as tecnologias desenvolvidas por fornecedores globais. A sua chegada representa uma mudança neste mindset?
Minha chegada a Belcorp, deve reforçar nossa relação e alavancar anda mais as importantes parcerias construídas pela equipe de inovação junto aos principais fornecedores tecnológicos globais. A inovação aberta é uma tendência que será mais potencializada no futuro.
Como a Belcorp está incorporando questões de responsabilidade sócio-ambiental aos seus processos de inovação e desenvolvimento, tanto de fórmulas como de embalagens?
As questões sócio ambientais também estão passando por um processo importante , visto que os consumidores são cada vez mais exigentes com relação a esses atributos. Recentemente lançamos uma linha completa de L’Bel, a Bio Resist, com fórmulas altamente Naturais (mais de 96% de insumos naturais) e ótima aceitação dos consumidores.
A Belcorp tem algum programa que trate da biodiversidade dos países/regiões nas quais opera? Existe o uso de ingredientes relacionadas com as culturas locais do Perú ou da Colômbia, por exemplo?
A riqueza da biodiversidade é uma fonte valiosíssima de inspiração para novos produtos, principalmente em linhas de produtos naturais.
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