A Davene, conhecida pelo tradicional leite de aveia, vai começar a vender seus produtos pelo sistema porta a porta. Em recuperação judicial desde 2011, a fabricante de itens de higiene e beleza tem 98% de seu faturamento proveniente do varejo tradicional e 2% do comércio eletrônico, que começou a funcionar no ano passado. A empresa não revela números – sejam relativos à receita, aos investimentos no projeto ou a seu endividamento junto aos credores. Mas diz esperar que, até o fim do próximo ano, a venda direta responda por 8% a 10% das vendas e o e-commerce, por cerca de 6%.
O pontapé para a entrada no porta a porta foi dado este mês, na Grande São Paulo. A meta da Davene é chegar a 500 revendedoras até o fim do ano nas cidades da região. Elas poderão oferecer, por meio de catálogo e aplicativo, 250 itens produzidos pela Davene, entre perfumaria, hidratação e produtos para cabelo.
Para cada R$ 100 em produtos que o revendedor comercializar, ele receberá um desconto de 30% sobre o preço de catálogo, e assim seu lucro poderá chegar a 42,85%. Além disso, diz Telmo Campos, gerente de marketing da Davene, haverá ações promocionais que permitirão aos revendedores ter lucro final de 50% a 60% sobre alguns itens vendidos. Outro diferencial é que a empresa não exigirá a compra de kits pelas revendedoras. O pedido mínimo é de R$ 150.
Ao entrar na venda porta a porta, a estratégia da Davene é ganhar capilaridade e evitar o risco associado ao fechamento das lojas, em uma eventual nova onda da pandemia, como tem acontecido na Europa. Também seguir a tendência e atuar em vários canais de distribuição. O objetivo é expandir a venda direta para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, a partir do segundo ano de atuação. Em três anos, quer estar em todas as capitais.
Para Eugênio Foganholo, sócio da consultoria especializada em varejo Mixxer, é uma boa estratégia para o momento de alto desemprego. “A venda direta encontra uma massa de pessoas, potencialmente revendedoras, ávidas por renda adicional”, diz. Porém, ele afirma que o varejo tradicional pode se sentir melindrado com a entrada da marca na venda direta e isso pode resultar em “conflito de canal”.
Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Venda Direta (ABEVD) feita em março de 2020, antes da pandemia, mostrou que a renda média mensal dos revendedores era de R$ 1.640. Existem hoje 4 milhões de pessoas trabalhando com porta a porta no País, contingente que aumentou 5,5% no ano passado. “Foi uma das maiores taxas de crescimento dos últimos anos”, diz Adriana Colloca, presidente da Abevd. No ano passado, a venda direta movimentou R$ 45 bilhões, com crescimento de 10% sobre o ano anterior.
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