Categoria infanto-juvenil chegou a R$ 5,5 bilhões em 2020 com demanda por atributos de qualidade dos produtos; Nova linha da Eudora, do grupo Boticário, chega ao mercado sem corantes ou parabenos. Antes disso, em 2019, a Natura relançou linha Mamãe e Bebê com produtos 100% veganos
Categoria ainda pequena no portfólio dos grandes grupos de beleza, as linhas de produtos infantis têm aumentado sua participação ao longo dos anos. Em 2020, esses itens movimentaram R$ 5,5 bilhões e representaram 4,5% das vendas de todo o setor, de acordo com dados da consultoria Euromonitor. Esse foi o movimento da Eudora, marca do Grupo Boticário que estreou na categoria no fim de agosto com uma linha para crianças de 0 a 3 anos. Agora, em novembro, a marca, que opera majoritariamente com venda direta, vai estender a coleção para atender o público até os 6 anos de idade.
O objetivo, diz Renata Gomide, diretora de marketing do Boticário, é “criar um vínculo e estar na jornada completa” do cliente. “Tudo ligado a cuidado cresceu muito nesse um ano e meio e a categoria infantil entra nesse mesmo racional”. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) mostram que, enquanto todo o setor avançou 4% nos primeiros seis meses do ano ante mesmo período de 2020, as vendas “ex-factory” (faturamento de fábrica, sem adição de impostos sobre vendas) dos produtos infantis saltaram 17%. Entre os produtos mais vendidos, diz a Abihpec, estão xampus e sabonetes.
A linha infantil da Eudora, há dois meses no mercado, superou em 14% as metas de vendas projetadas, informou o Boticário. A criação do portfólio, diz a diretora, foi motivada por pesquisas internas, que mostraram que 95% das revendedoras sentiam falta de uma linha infantil e que, 8 em cada 10 de seus clientes, procuravam pelos produtos. A linha tem quatro produtos (sabonete líquido, hidratante, água de colônia e xampu), além de uma “mochila maternidade”.
Concorrente direta, a Natura, do grupo Natura &Co, vende desde 1993 produtos da linha batizada de Mamãe e Bebê. “A Natura é hoje líder de mercado no segmento de cuidados infantis no Brasil”, diz Erasmo Toledo, vice-presidente de negócios da Natura no Brasil, citando dados da consultoria Kantar. “A marca Mamãe e Bebê também tem uma importante participação em outros mercados que atuamos”, afirma. A linha também é vendida em países da América Latina, Estados Unidos, França e Malásia. O grupo não informa quanto a linha representa nas vendas da empresa. A Natura tem ainda a Naturé, para crianças a partir de 4 anos de idade.
De 2015 a 2020, segundo a Euromonitor, a categoria de produtos de higiene e beleza para crianças cresceu 25,2% em vendas, tendo avançado 4,9% de 2019 para 2020. A projeção para 2025 aponta um crescimento de 7% em todo o período de cinco anos. O segmento de produtos para cabelo, por exemplo, cresceu em média 4,6% ao ano de 2015 até o ano passado. O cálculo é de que de 2020 a 2025, o crescimento anual fique em torno de 1,5%. O portfólio de produtos para pele, que cresceu 33,5% no acumulado dos cinco anos terminados em 2020, ou 5,9% ao ano, deve avançar apenas 3,2% de 2020 a 2025, ou 0,6% anualmente.
As empresas, segundo um cenário da Euromonitor, vão apostar nas questões ambientais e nos atributos de qualidade dos produtos, como formulação hipoalergênica e vegana. A Natura, por exemplo, relançou toda a coleção Mamãe e Bebê para que a composição fosse 100% vegana e com 99% de ingredientes naturais. A linha Eudora Baby também chegou ao mercado livre de parabenos e corantes.
Outra forma para ampliar as vendas deve ser o licenciamento de personagens para produtos específicos para bebês e crianças. Em relatório de junho deste ano, que analisou o mercado de beleza infanto-juvenil, a equipe da consultoria destacou a relevância da embalagem na hora da escolha da compra, em especial para crianças acima dos dois anos. “Os pais ainda detêm a decisão final na hora de fazer as compras, mas os filhos hoje também têm um papel importante, devido à forte associação com o personagem.”
Se a categoria é novidade para a Eudora, não se pode dizer o mesmo para O Boticário, marca que dá nome ao grupo. O primeiro lançamento foi em 1982, criado pelo fundador Miguel Krigsner. A primeira linha infantil do Boticário era composta por colônia e itens de banho e tinha seu próprio personagem, o Dr. Botica. O mago passou a dar nome à linha em sua versão mais atual, que tem produtos para crianças de 3 a 6 anos.
A marca também oferece produtos de 0 a 3 anos na linha Boti e tem as linhas Sophie e Quasar Next, para crianças de 7 a 12 anos, explica Marina Caldartt, gerente de produto infantil. No total, são mais de 100 itens. Nas duas últimas, os lançamentos mais recentes trazem a personagem Moana e a saga de Star Wars, ambos da Disney.
Fora da categoria infanto-juvenil, mas remetendo às lembranças da infância, neste mês a marca O Boticário lançou uma linha em parceria com a Bubbaloo, marca de chiclete da Mondelez.
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/10/13/boticario-amplia-portfolio-para-criancas.ghtml
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