Dona das redes Extra e Pão de Açúcar sente 2º trimestre difícil, vê cliente atrás de preço e garante que transformação em atacarejo não está nos planos
O GPA, dona das redes Extra e Pão de Açúcar, disse nesta quinta-feira (29), em teleconferência de resultados, que a operação de hipermercados foi afetada pela base forte de comparação de 2020 e, nos supermercados Pão de Açúcar, houve efeito da migração de consumidores para outros canais, como atacarejos e até outros supermercados. Por isso, houve efeito da migração de consumidores para outros canais, como atacarejos e até outros supermercados. Por isso, houve queda nas vendas no grupo no segundo trimestre — a retração ficou acima do verificado no concorrente Carrefour, salientaram analistas em relatórios hoje.
“Para Pão de Açúcar, estamos cauteloso com o resto do ano, e mais animados para o ano que vem. Ainda esperamos redução gradual no terceiro trimestre, mas agosto e setembro melhor que julho. O quarto trimestre deve ser melhor que terceiro trimestre”, disse o presidente Jorge Faiçal.
“As pessoas estão voltando das férias, então deve haver perda em julho, mas um ganho em agosto, então em setembro vai melhorando, porque a base de setembro teve queda em 2020”, disse ele.
Sobre a rede Pão de Açúcar, a companhia está migrando lojas para o modelo mais moderno (geração sete) com 25 migrações no segundo trimestre e mais 25 até o fim do ano — e esse modelo se recupera melhor hoje.
“A queda de vendas em Pão de Açúcar no segundo trimestre é pontual, entendemos que a rede é a nossa ‘joia da coroa’ e continuará a ser”, disse. O executivo citou preocupação com a fase atual, mas entende que é uma fotografia do momento, e as medidas que vem sendo tomadas, sobre reformas e foco no on-line, devem fortalecer a marca da companhia.
Para analistas, a empresa sentiu, em linhas gerais, o efeito estatístico dos números fortes em 2020, quando o início da pandemia fez a demanda disparar nas lojas, mas a empresa, ao crescer menos que o seu rival direto no trimestre, pode ter sentido mais o cenário difícil para o setor. O aspecto positivo no Brasil, dizem analistas, foi a rentabilidade acima da estimativa do mercado, efeito da queda de despesas — apesar de, ao incluir a operação colombiana de Exito no total, essa margem final ter ficado abaixo do projetado, como salientou a XP em relatório.
“Foi um período com muito desafio no ‘topline’ mas conseguimos sair de um lucro líquido de R$ 8 milhões no primeiro semestre de 2020 para R$ 94 milhões nesse ano”, disse o executivo.
Faiçal afirmou que a companhia busca um hipermercado mais barato, mantendo uma política definida meses atrás, para tentar recuperar as vendas em algumas lojas, mas voltou a afirmar que a rede não irá virar atacarejo. Isso porque, entre diferentes razões, as ações comerciais mais combativas, como é comum no atacarejo, não se estendem a toda a operação do hipermercado.
“Há dois meses, o nosso hipermercado volta a ganhar participação, então há um movimento de recuperação”, diz o executivo, após defender um posicionamento mais agressivo em preços. “Hipermercado caro é hipermercado morto”.
O GPA ainda disse que vai expandir parcerias no on-line para perecíveis e não alimentos. E afirmou que o acordo fechado com o fundo da Península, em arbitragem iniciada há quatro anos, libera lojas para sublocação, conversão e “minihubs” maiores. Houve um ajuste de preços pago pelo GPA ao fundo em valor pequeno, segundo fontes, relativos a cálculos passados, como antecipou o Valor semanas atrás.
Segundo o executivo, a expansão do on-line — o canal é 8% das vendas da empresa, e era 1,7% há dois anos — canibaliza lojas, segundo controle feito pelo CPF dos consumidores, mas isso não é preocupação, diz ele, porque no site o cliente compra mais produtos. A empresa alcançou vendas brutas totais na plataforma de R$ 1,4 bilhão em 12 meses. Cerca de um terço da venda da empresa hoje ocorre pela entrega rápida, e a empresa se autodenomina líder no on-line alimentar.
Loja de vizinhança
O GPA destacou ainda medidas que a empresa vem tomando em reforma de pontos, acelerando aberturas e no on-line, no sentido de buscar equilibrar o momento de queda em vendas na empresa no segundo trimestre.
“Vamos acelerar aberturas de Minuto Pão de Açúcar, já falamos que serão 100 em 3 anos, mas teremos pelo menos 20 neste ano”, disse Faiçal. O modelo teve um desempenho melhor que as outras cadeias no segundo trimestre e no ano, em parte reflexo da maior demanda em lojas menores, de bairro, como efeito do “home office”.
A venda bruta nessas lojas de vizinhança do GPA (Minuto Extra, Minuto Pão de Açúcar e o programa Aliados, uma parceria com lojas de bairro) subiram 27,7% de abril a junho, mas Pão de Açúcar caiu 24,1%, e Extra recuou 13,9%.
Os supermercados Mercado Extra e Compre Bem caem 2,7%.
O presidente do GPA ainda destacou os resultados positivos com a estratégia anunciada, meses atrás, de abrir parcerias com mais aplicativos de entrega, como iFood, Rappi, e plataformas como Corner Shop e Mercado Livre, fechadas neste ano. ”Nós vamos expandir parcerias para perecíveis e não alimentos”, disse, sem detalhar.
O GPA tem 500 lojas com parceiros de última milha, que utilizam a loja como base de coleta, pouco mais da metade do total da empresa, em 871 pontos em junho no país.
As vendas totais do GPA Brasil atingiram R$ 7,1 bilhões de abril a junho, queda de 12,1%, sendo que as “mesmas lojas” caíram 10,5%. Ao se tirar o impacto da covid-19, que a empresa calcula, o número ainda não “vira”: há queda de 1,8%.
O canal on-line foi um dos destaques positivos, com alta de 32%, ligado ao crescimento da multicanalidade e expansão das parcerias com “last millers”, que a rede vem acelerando.
A empresa ainda lembra que houve o efeito de medidas restritivas mais rígidas para o combate à aceleração da covid-19, incluindo decretos que obrigaram o fechamento de lojas. Houve efeito, por exemplo, no Pão de Açúcar, em cidades do interior, Os decretos afetaram várias cidades e diversas redes, mas cadeias com maior presença em municípios que tomaram essa medida podem ter sentido mais.
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