Receita de vendas cresceu 15% no primeiro semestre ante mesmo período de 2020, chegando a R$ 605 milhões. O lucro líquido totalizou R$ 80,7 milhões nos seis meses, 40,6% acima

A subsidiária da Coty no Brasil, dona das marcas Monange, Risqué e Bozzano, passou por uma reviravolta nos últimos anos. Em outubro de 2019, o grupo anunciou que pretendia se desfazer do negócio. Em maio de 2020, os planos mudaram e o restante do ano foi de investimentos na operação. Agora, a companhia protocolou pedido para negociar ações na B3, visando obter recursos para expandir a operação digital e desenvolver mais produtos na categoria de beleza e cuidados pessoais.

“É definitivamente uma decisão com o objetivo de apoiar o crescimento dos negócios no Brasil e das marcas de cuidados pessoais da Coty”, disse ontem o diretor financeiro, Laurent Mercier, na teleconferência sobre os resultados globais do grupo no ano fiscal de 2021, encerrado em junho. No período, a multinacional reduziu em 70% o prejuízo, para US$ 303,6 milhões.

“Se a oferta for bem-sucedida, vai ajudar a avançar o processo de desalavancagem”, afirmou a empresa sobre a abertura de capital no Brasil. A intenção não é abrir mão do controle da Coty no Brasil, informou o grupo. Para a operação, foram contratados Bank of America Merrill Lynch, Itaú BBA e Santander.

No prospecto preliminar enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Coty informa que a receita de vendas cresceu 15% no primeiro semestre ante mesmo período de 2020, chegando a R$ 605 milhões. O lucro líquido totalizou R$ 80,7 milhões nos seis meses, 40,6% acima.

A Valor em novembro, Nicolas Fisher, presidente da Coty no Brasil, informou investimentos de R$ 20 milhões em sua fábrica de desodorantes em spray em Goiás. “Lá fora a Coty está em processo de otimização de ativos. Aqui é expansão, a dinâmica no Brasil é outra. O mercado de beleza e higiene está voltando a crescer e nós estamos crescendo o dobro, o que deve se acelerar até o fim do ano”, disse.

Foi essa perspectiva que a companhia buscou imprimir em seu texto de apresentação no prospecto da oferta: “Somos uma das quatro maiores indústrias de beleza e cuidados pessoais de varejo no Brasil em participação de mercado e a segunda maior em termos de penetração (segundo a Nielsen Retail Panel 2020), operando nas 9 das 10 principais categorias de beleza e cuidados pessoais”.

A Coty Brasil terminou o período de janeiro a junho com Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 116 milhões, acima dos R $ 100 milhões do ano anterior. A margem passou de 19,1% em 2020, para 19,2% neste ano.

A empresa afirma que ainda há um potencial de crescimento a ser capturado no mercado de beleza do país. Em 2020 o mercado brasileiro totalizou US$ 23,7 bilhões e a estimativa para crescimento é de que chegue a US$ 33,4 bilhões em 2025, o que representa taxa de crescimento anual composta de 2020 até 2025 de 7,1%.

A empresa vê vantagem competitiva de suas marcas no mercado nacional. Entre os dez maiores mercados de beleza, o Brasil é o que apresenta a maior participação (81% do total de vendas) do setor de massa e valor – que excluem os produtos com posicionamento de preço premium -, de acordo com a Euromonitor. “Fatia do mercado em que a Coty Brasil tem seu foco de atuação com as marcas locais icônicas e infraestrutura de ponta.”

Esse perfil de marcas a Coty incluiu em seu portfólio quando comprou parte do portfólio da Hypermarcas, em 2016. Hoje, os produtos Monange respondem por 42% da receita da Coty no Brasil, a marca masculina Bozzano tem outros 14%, a marca de esmaltes Risqué, 13% e os óleos Paixão, 9%. Outros 4% da receita vêm de fragrâncias de luxo, como Calvin Klein, Hugo Boss e Chloé. A empresa é a quarta maior em vendas no Brasil, com 7% de participação de mercado, segundo o Segmenta Group.

A Coty pretende utilizar os recursos provenientes da oferta primária para expansão da área digital, com aceleração do comércio on-line e marketing digital, além do desenvolvimento de produtos e marketing das categorias de beleza e cuidados pessoais.

No primeiro semestre deste ano, 10% das vendas foram no canal digital, totalizando R$ 59 milhões. Em 2020, já havia dado um salto de 109%, chegando a 6% da receita, ou R$ 69 milhões. Mas grande parte da força está, ainda no canal físico, em especial supermercados, que responderam por 51% da receita em 2020. Farmácias vieram na sequência, com 21%.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/08/27/no-azul-coty-amplia-vendas-e-vai-para-a-bolsa.ghtml

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