A indústria paranaense de perfumes Julie & Burk, de Curitiba, famosa pelas fragrâncias ‘Hora Íntima’ e ‘Madame de Julie’, está reabrindo e retomando sua produção. Fechada em novembro de 2020, a empresa volta, agora tendo à frente Polyana Burko, filha do fundador, o biólogo, professor e dentista Júlio Burko, que abriu a empresa em 1986.
A empresa foi fechada pela pandemia, mas por pouco tempo. “Os lojistas começaram a ficar apavorados, o movimento caiu 70%. A alta do dólar impactou em 60% o preço dos insumos”, conta Polyana. Segundo ela, diante do cenário, a decisão foi pelo fechamento.
Um mês depois de baixar as portas, no entanto, Polyana já começou a pensar que aquela solução talvez não fosse definitiva. “Foi muito difícil ver algo que fazia parte da história da minha família acabar. Acredito na marca e decidi retomar”, afirma a empresária, que tem formação em design e marketing e começou a atuar na Julie & Burk aos 16 anos, como vitrinista.
Julie & Burk terá produção terceirizada e vendas em multicanais
A retomada da atividade traz algumas mudanças estratégicas: a terceirização da produção, a reformulação da marca e uma aposta forte no e-commerce, além do desenvolvimento de produtos diferenciados para ampliar a área de atuação, visando novos mercados.
Os produtos também poderão ser encontrados pelos consumidores em lojas multimarcas, como já acontecia nos últimos anos, mas o sistema de franquias, com lojas próprias da marca, não será retomado.
A Julie & Burk chegou a ter mais de 100 franquias espalhadas por todo o Brasil, nos anos 90 e 2000. O modelo permaneceu até 2020, quando a empresa foi fechada, mas nessa fase final já eram poucas lojas próprias da marca. “O canal multimarcas se tornou mais forte”, lembra Polyana.
Os produtos devem voltar ao mercado a partir de janeiro de 2022. A produção começa a ser retomada com os dois carros-chefes, as colônias ‘Hora Íntima’ e ‘Madame de Julie’. Os itens vêm com uma nova marca ‘Burk & Co’ e embalagens diferenciadas, “mas as fragrâncias serão exatamente as mesmas, pois são de domínio e exclusividade nossa”, garante Polyana.
Ainda não há informações sobre volume de produção e nem sobre outros produtos da marca. A Julie & Burk chegou a ter cerca de 30 fragrâncias femininas e 20 masculinas. “Estamos avaliando o portfolio e algumas poderão ser retomadas”, diz a empresária.
Segundo ela, outros itens das linhas, como sabonetes, hidratantes, óleos e produtos de bem-estar já estão sendo desenvolvidos. Faz parte dos planos também o desenvolvimento de novas fragrâncias, com aposta em matérias-primas regionais e formulações inovadoras.
Um caminho longo para se chegar às fragrâncias
A história da Julie & Burk começa em 1983, quando a mãe de Polyana, Eni Burko, buscando uma atividade, se interessou por uma loja de perfumes, a Água de Cheiro. A loja ficava na rua Jesuíno Marcondes, próxima à praça Osório, no centro de Curitiba, e vendia perfumes que vinham do Rio de Janeiro.
“Meu pai comprou a loja para minha mãe”, conta Polyana. A relação que se estabeleceu com os perfumes, a partir dali, fez Eni e o marido sonharem mais alto. Em pouco tempo, estavam às voltas com testes e mais testes para o desenvolvimento de fragrâncias próprias.
O fato de Júlio Burko ter formação em biologia (zoologia e botânica) e ser autoditada em química facilitava e ele virou perfumista, instalando um laboratório nos fundos de casa, em Curitiba.
Nesse trabalho, contou com o apoio de Jean Luc Morineau, perfumista francês, que Burko foi buscar em São Paulo. Foi Morineau quem sugeriu o nome ‘Julie & Burk’, uma derivação do próprio nome do dono, Júlio Burko.
“Por ser francês, era dessa forma que ele pronunciava o nome de meu pai e, com isso, veio a ideia do nome da marca”, conta Polyana. Os primeiros lançamentos conquistaram o público, fizeram sucesso e a Julie & Burk cresceu, expandindo as vendas por todo o Brasil.
Júlio e Eni Burko se afastaram do dia a dia da empresa há cerca de 10 anos, mas seguem acompanhando os movimentos de perto e se mostram entusiasmados com a retomada, especialmente pelo fato de a empresa permanecer na família. Júlio acaba de completar 83 anos e Eni tem 78.
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