O setor de cosméticos e perfumaria foi o foco do debate desta quarta-feira (9) da série Perspectivas – uma visão setorizada da inovação, realizada pela Associação Brasileira dos Anunciantes (ABA) e pelo Grupo Croma.
Patricia Borges, chief marketing officer da L’Oréal, e Alexandre Bouza, head do Grupo O Boticário, conversaram sobre a indústria em que atuam, insights no contexto pandemia-2020 e as mudanças de comportamento dos consumidores. Confira alguns comentários:
COMO DEFINE O SETOR
Patricia Borges, chief marketing officer da L’Oréal: “Sempre acreditamos nisso e acho que momento da pandemia deu mais luz a essa crença: beleza, como a gente trata esse universo em que a gente atua, é empoderamento, é autoestima, é bem-estar. É se sentir bem consigo mesmo, com o universo em que você vive, é alguma coisa muito maior. ‘Perfumaria’ como supérfluo é tudo que não é não é. É muito forte quando me olho no espelho e me sinto bem com que eu vejo me sinto bem comigo e com a forma como me mostro para o mundo.”
Alexandre Bouza, head do Grupo O Boticário: “É um privilégio trabalhar numa categoria que mexe com tanta coisa legal, com produtos que mexem com sensorial, que atendem necessidades tão sensíveis às pessoas. Mas a palavra que eu diria agora é responsabilidade. Acho que, tanto pelo momento em que a gente consegue trazer produtos que lhe consigam acalmar a alma nesse momento, quanto também a responsabilidade de poder trazer uma reflexão sobre a beleza de uma forma mais abrangente, mais acolhedora. E que não seja algo que excluir padrões de beleza, mas que a gente consiga incluir pessoas e fazer com que elas se sintam bem e felizes da forma como elas são.”
INOVAÇÃO NA PANDEMIA
Alexandre: “Há pouco tempo que a gente lançou uma linha nova, a Nativa Spa, uma linha detox, com ingredientes com propriedades antioxidantes. Foi no momento em que as pessoas ainda estavam mais reclusas, com bastante receio de começar a sair na rua ainda que de forma controlada, mas com essa necessidade de se sentir bem, mesmo fechado em casa. Foi algo que chamou atenção. Já estávamos desenvolvendo e aceleramos para trazer nesse momento.”
Patricia: “Refletimos sobre a responsabilidade que temos como indústria de um segmento importante que toca emocionalmente tanto os consumidores, e tentamos ter um papel relevante de ajuda na rotina e nesse momento de vulnerabilidade do consumidor. Temos uma categoria muito importante para L’Oréal, muito grande dentro do nosso business, que é de coloração. E para as mulheres, a questão de raiz de cabelo, de começar a aparecer sejam os fios brancos ou a cor original, isso mexe muito com a autoestima e uma série de valores em torno disso. E nesse momento ela não conseguia fazer, porque os salões estavam fechados. Como fazer elas experimentarem uma coloração para que pudessem comprar no e-commerce sem ver isso ao vivo? Trabalhamos nos serviços digitais para que elas pudessem testar uma coloração de cabelo virtualmente com a mesma qualidade e percepção de cor que ela teria no salão ou no ponto de venda.”
POSSÍVEIS CAMINHOS
Alexandre: “Eu acho que a pandemia traz uma mudança importante de curto prazo nas pessoas, algumas coisas vão mudar permanentemente o comportamento e a forma de se relacionar com a beleza. Essa pequena mudança está relacionada em primeiro lugar às pessoas começarem a dar mais valor a si próprias, suas próprias verdades e suas próprias belezas. Acho que isso vai se fortalecer. Então tudo aquilo que de alguma maneira está conectado mais com o que você gosta, o que fica bonito em você, o cheiro que faz bem para você, que remete a alguma coisa bacana vai ganhar força. Fazer coisas diferentes respeitando a si mesmo.”
Patricia: “Acredito que o futuro da indústria de beleza passa por personalização totalmente. Por exemplo, um protetor solar com cor. Trabalhamos muito com protetor solar facial com cor. Mas qual cor? A cor de quem, de qual pele? Então quantas tonalidades precisa ter, tudo aquilo que passa pela gente garantir a beleza como diversidade. Tudo aquilo que passa por a gente garantir e entender que não tem um só padrão, um só modelo. Estamos no Brasil, mercado que tem a maior diversidade capilar do mundo, uma das maiores diversidades de tipos de pele do mundo, temos essa responsabilidade de personalizar e garantir que o consumidor vai encontrar o que é melhor para ele.”
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