Empresa busca estabelecer metas com impactos que vão além dos resultados financeiros
A inovação deixou de ser uma ferramenta a serviço apenas dos resultados financeiros e da performance da companhia, e passou a ser fundamental na busca de avanços nas frentes ambiental, social e na sustentabilidade do negócio. De olho em um consumidor que “se cansou do marketing da inovação”, a L’Oréal busca inovar com metas e ações que se reflitam não apenas nos números da empresa, mas que também tenham impacto na sociedade, como objetivos para redução de emissões na cadeia produtiva, apoio a comunidades extrativistas e ferramentas tecnológicas que medem a “pegada sustentável” nos produtos.
Um desses recursos é o Spot, sigla em inglês para Ferramenta de Otimização da Sustentabilidade do Produto. Atualmente, 100% dos produtos da L’Oréal são avaliados por meio desse instrumento, que avaliza todo o ciclo de vida do produto, com informações sobre seus impactos ambiental e social.
Pelo Spot, são medidos o fornecimento de matérias-primas, embalagem e pegada social e ambiental. O resultado das medições aponta que hoje 90% dos produtos lançados pela L’Oréal Brasil têm um perfil social e ambiental melhor do que tinham em anos passados. “Temos um círculo virtuoso de sempre melhorar nossos produtos. Seja a embalagem ou a fórmula”, afirma Maya Colombani, diretora de sustentabilidade da L’Oréal Brasil.
A ferramenta é um dos apoios que a empresa tem para cumprir metas como a de ter 95% dos ingredientes usados nas fórmulas de base biológica derivadas de fontes sustentáveis até 2030. No mesmo ano, 100% desses ingredientes utilizados nas fórmulas e nas embalagens serão rastreáveis e provenientes de fontes sustentáveis e nenhum deles estará relacionado as áreas de desmatamento.
Colombani afirma que no mundo atual a marca e a inovação do produto já não são suficientes. Segundo ela, inovação de verdade é agregar valores para a sociedade. “Temos que mudar nossa maneira de viver, nossa maneira de fazer negócio e também de inovar”, afirma a executiva, que participará, na semana que vem, do Rio Innovation Week (RIW), programado para o Jockey Club Brasileiro, no Rio. “A inovação a serviço da economia e da performance não é mais suficiente e não é mais disruptiva. Não significa que não tenha impacto. A verdadeira inovação é a inovação a serviço da sociedade”, afirma.
A executiva diz que atualmente a L’Oréal está presente em mais de 150 países e possui mais de 1,5 bilhão de clientes em todo o planeta, o que lhe confere um “poder gigante de mudar as coisas, mas também uma grande responsabilidade”. “Como líder mundial da beleza, temos responsabilidade de liderar a ética, a sustentabilidade, a luta contra as desigualdades, a inclusão e a diversidade. Quando se é líder, mais poder você tem, mas mais dever você tem de contribuir para a sociedade”, ressalta.
Entre os investimentos previstos globalmente estão € 50 milhões que serão aplicados na reconstituição de ecossistemas. No Brasil, parte desse investimento será feito na Amazônia, para recuperar áreas degradadas e evitar que outras sejam desmatadas.
Colombani cita ainda outros 50 milhões para promover novas tecnologias para a economia circular. Além disso, também em nível global, mais € 50 milhões serão destinados ao apoio de mulheres em situação vulnerável. No Brasil, há três projetos para inserção de mulheres moradoras de comunidades pobres em novas tecnologias.
A diretora também cita uma importante meta perseguida pela companhia globalmente. A de que colaboradores da empresa e também os que integram a sua cadeia de fornecedores tenham um “salário digno”. “Nos engajamos para que 100% dos nossos fornecedores estratégicos paguem um salário digno para seus colaboradores até 2030. Isso é uma revolução social”, afirma Colombani, acrescentando que “salário digno vai além do previsto na legislação trabalhista”.
Neste tema, um dos projetos da empresa é feito junto a extrativistas de carnaúba, cera natural usada em batons, filtros solares e outros produtos. “Trabalhamos mais de cinco anos para otimizar a qualidade de vida dos extrativistas de carnaúba. Cortamos os intermediários para que eles possam ter renda digna. Beneficiamos mais de 400 extrativistas da carnaúba”, diz.
O trabalho na cadeia de fornecedores também é fundamental para que a empresa atinja suas metas de descarbonização. Colombani afirma que 99% das emissões de carbono da companhia estão no chamado escopo 3, aquele que engloba fornecedores e clientes. No Brasil, a companhia será “carbono neutro” este ano, três anos antes da meta global. Mas as emissões de CO2 da cadeia de fornecedores devem baixar pela metade até 2030. “Se falamos com sinceridade de sustentabilidade, não podemos falar de só ser um negócio. Temos que falar do ecossistema.”
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/01/07/na-loreal-inovacao-passa-pelo-social.ghtml
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