Embora tenha conseguido melhorar a margem registrada no fim de 2021, a Natura &Co continua cautelosa com o cenário de pressão de custos
O último trimestre da Avon e da Natura &Co no Brasil não foi fácil. As duas marcas observaram quedas de vendas, com destaque para Avon, que acelerou os ajustes de seu plano comercial para as representantes. O mercado hispânico foi o que melhor desempenhou na divisão da Natura &Co Latam, passando a responder por mais da metade das vendas: 52%.
“Mercado doméstico fez a diferença na receita”, explicou João Paulo Ferreira, que comanda as operações da Natura &Co Latam.
Ferreira, porém, mostra-se otimista com a recuperação da operação brasileira, embora o cenário macroeconômico e a queda de renda ainda pressionem. “Começamos a ver inflexão no nível de representantes ativas e produtividade teve uma melhora”, diz argumentando que a empresa já implementou novas medidas paras as representantes e que esse plano deverá ganhar tração no segundo semestre.
“Já vemos Avon recuperando volume em algumas categorias, como maquiagem. E estamos trabalhando para otimizar nosso sortimento combinado de Avon e Natura, o que temos feito de maneira exitosa.”
Pressão de Custos
Embora tenha conseguido melhorar a margem registrada no fim de 2021, a Natura &Co continua cautelosa com o cenário de pressão de custos.
“Nossa projeção é de que essa pressão de custos vai ser exacerbada na primeira metade do ano”, disse o presidente do grupo de beleza, Roberto Marques, destacando que a guerra entre Rússia e Ucrânia traz, além dos impactos nos dois países, efeitos econômicos globais, com aumento de preços de insumos e quebra de confiança do lado da demanda.
A companhia terminou o quarto trimestre com margem de 13,3%, 0,9 ponto percentual acima do mesmo período do ano anterior. Essa recuperação de margem se deve a 4,7% de ganhos de contenção de custos e efeitos pontuais, no que o executivo chama de “disciplina financeira austera”, que o grupo deve manter para navegar o momento turbulento da economia global.
De acordo com o diretor financeiro, Guilherme Castellan, a empresa segue acelerando movimentos estratégicos para entregar economia de custos, incluindo esforços para acelerar ações de supply chain [cadeia de suprimentos] e cortando despesas como viagens.
Apesar da melhora no trimestre, no ano a margem ficou 1,03 ponto percentual abaixo de 2020, a 10,3%.
Diante do cenário, a companhia resolveu colocar na lista de espera o plano de migrar a listagem primária de suas ações para o mercado americano. “Nossas trocas com investidores e analistas mostraram que essa [migração das ações] é a estratégia correta, mas esse não é momento.”
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