Investidores estarão atentos na possível negociação de compra da Avon, maior concorrente no Brasil
Tentando expandir o peso que seus cosméticos têm no Brasil para outras partes do mundo, a Natura, que atua no mercado de beleza e cuidado pessoal, divulga nesta quinta-feira 2 o balanço financeiro de seu primeiro trimestre de 2019. Os resultados serão os primeiros após o avançar das negociações de aquisição da Avon, que no último dia 25 vendeu sua problemática filial norte-americana para o grupo sul-coreano LG Household & Health Care, o que animou o mercado e fez com que as ações na Natura saltassem em cerca de 10%.
Em seu último balanço, referente ao quarto trimestre de 2018, o lucro da Natura cresceu 48% em relação ao mesmo período do ano anterior, indo a 381,7 milhões de reais. Em todo o ano passado, entretanto, a marca lucrou cerca de 548,4 de reais, valor 18% menor que em 2017. Desde 2012, a Natura, cujo atual valor de mercado margeia a casa dos 22 bilhões de reais, foi às compras para aumentar sua atuação em escala global. Naquele ano, a companhia brasileira adquiriu a australiana Aesop e, em 2017, também fechou a compra da britânica The Body Shop.
Com as aquisições, a Natura pôde construir um portfólio mais amplo, com produtos e preços mais diversificados em inúmeras lojas ao redor do mundo. A partir deste mês, dois anos após a compra da The Body Shop, a Natura finalmente assumirá as operações da empresa na América Latina e tentará utilizar a estrutura que já possui para expandir a atuação da nova marca na região.
Mas os planos de expansão da Natura não pararam na The Body Shop, e as negociações com a Avon foram confirmadas pela Natura aos acionistas em março. A Avon é uma das maiores concorrentes da empresa no Brasil, país que é responsável por boa parte do lucro de ambas as companhias.
O anúncio, todavia, não animou o mercado. As ações da Natura chegaram a cair cerca de 7% no dia em que a brasileira comunicou o interesse em adquirir a rival. A desconfiança por parte dos investidores se deu, entre outras coisas, devido ao atual quadro financeiro da Avon, que em seus tempos dourados chegou a valer 20 bilhões de dólares e hoje tem seu valor de mercado reduzido a 1,4 bilhões de dólares.
Além disso, a filial norte-americana da empresa, a Avon North American, que nos últimos anos vem enfraquecendo sua atuação nos Estados Unidos, chegou a ser vista pelos investidores da Natura como um ônus que a empresa teria que pagar caso adquirisse a Avon Products. Agora, com a Avon sem seu braço norte-americano, a alta de 10% das ações da Natura logo após o negócio pode significar um aval dos investidores para que a brasileira conclua o casamento.
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