Executivos dizem que há ganhos com integração capturados até mesmo fora da América Latina e que resultados no Brasil da empresa adquirida estão acima da expectativa
As sinergias entre os negócios do grupo de beleza e higiene pessoal Natura &Co estão ajudando a companhia a lidar com pressões de custo em todo o mundo, em especial no Brasil, disse nesta quinta-feira o presidente da empresa, Roberto Marques, em teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre.
“Estamos felizes com as margens. As sinergias estão sendo capturadas e há mais a capturar e têm nos ajudado a enfrentar a pressão de custos, em especial em insumos”, disse Marques, destacando que há ganhos de sinergias da integração da Avon sendo capturados até mesmo fora da América Latina, que era o mercado onde a companhia previa mais integrações entre estruturas.
Em abril, a companhia aumentou em US$ 50 milhões as projeções de sinergias resultantes da incorporação da Avon, para um intervalo total de US$ 350 milhões a US$ 450 milhões.
As margens têm sido especialmente pressionadas na América Latina e no Brasil pelo aumento dos preços das commodities, como explicou João Paulo Ferreira, presidente da divisão Natura &Co América Latina. Ainda assim, o trabalho de gerenciamento de portfólio, supply chain e mesmo as sinergias com a Avon estão ajudando a superar essa pressão. A margem bruta melhorou 3,10 pontos percentuais, para 64,8%.
Ferreira disse que a empresa está satisfeita com os resultados da Avon no Brasil neste pouco mais de um ano de integração, concluída em janeiro de 2020.
“Resultados do Brasil para Avon estão acima da nossa expectativa”, disse Ferreira. Na comparação com o mesmo período de 2020, a receita da Avon Brasil caiu 2,8%, para R$ 823,5 milhões. No entanto, a empresa diz que esse recuo aconteceu pela implantação do novo modelo comercial da companhia para as revendedoras no país e aponta que os volumes já voltaram a crescer em março, último mês do trimestre.
Na divisão da Avon Internacional, a receita cresceu 11,4% em reais, para R$ 2,36 bilhões. Em moeda constante a queda foi de 10,7%, levando também a um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda na sigla em inglês) 5,4% menor do que um ano antes, para R$ 97,4 milhões.
O resultado foi afetado pela permanência do quadro mais restritivo da pandemia da covid-19 em diversos países da Europa e por mais investimentos nas áreas comerciais e digital para o novo plano estratégico da companhia.
“Estamos vendo melhorias em muitas frentes, em especial no Reino Unido. Mas se eu pudesse apontar uma, seria o modelo comercial e sua simplificação somada à digitalização”, disse Marques. No Reino Unido, a marca conseguiu aumentar sua participação de mercado e se tornou a terceira principal no mercado de beleza britânico.
A Avon foi a última — e uma das maiores — aquisições do grupo. Agora, o foco da Natura, diz Marques, está mesmo no trabalho com as marcas da empresa, apostando no crescimento orgânico. “Claro que temos que ter responsabilidade em seguir monitorando o mercado e suas oportunidades, mas nosso foco agora é no crescimento orgânico, na integração da Avon e os bons momentos das outras marcas.
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