Se cortes tivessem sido feitos em 2021, as despesas corporativas poderiam ter caído 40%, diz CEO global

Com prejuízo líquido de R$ 1,40 bilhão no primeiro semestre, a fabricante de produtos de beleza Natura &Co vai priorizar a geração de caixa e a melhora das margens, mas tem pela frente um cenário global que ainda é de pressão inflacionária.

O resultado no segundo trimestre foi considerado mais fraco que o esperado pelos analistas de mercado. Na sexta-feira, as ações caíram 10,92%, para R$ 14,19. A companhia apresentou prejuízo trimestral de R$ 776,7 milhões, frente ao lucro líquido de R$ 234,8 milhões de um ano antes. A receita líquida caiu 8,6% em reais, para R$ 8,70 bilhões; o Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 490,7 milhões, 22% menor na base anual.

A receita líquida caiu na The Body Shop, Avon Internacional e Avon Latam, mas pesou também o aumento de 107,7% das despesas financeiras, para R$ 426,8 milhões.

O objetivo agora, diz Fábio Barbosa, que substituiu Roberto Marques na presidência, é que a Natura &Co fique mais leve. “Não estamos falando em nenhuma decisão em relação às empresas. Estávamos vendo que a holding estava ficando pesada. É ela quem vai ficar mais enxuta”, disse a jornalistas.

A direção transferiu pessoal da holding para as áreas de negócios de cada unidade e fez cortes de posições consideradas redundantes. “Houve redundância de pessoas que estão sendo desmobilizadas. O objetivo maior era desburocratizar [a administração] para as pessoas tomarem as melhores decisões”, disse o executivo. Barbosa afirmou que se essas economias tivessem sido feitas em 2021, haveria redução de pelo menos 40% nas despesas corporativas recorrentes. Até o fim do ano passado, o grupo tinha mais de 35 mil colaboradores.

No primeiro semestre, as despesas corporativas da empresa recuaram 24%, para R$ 197,8 milhões. A queda foi mais acelerada no segundo trimestre: 40%, para R$ 88,7 milhões.

O trabalho do comitê de transição deve ser encerrado no fim do ano e os reflexos de algumas decisões ainda serão vistos nos próximos balanços. “Esses ajustes não vão aparecer todos no terceiro trimestre. Alguns custos relacionados a essas redundâncias identificadas aparecerão no quarto trimestre”, afirmou. O objetivo é que as unidades de negócios tenham mais autonomia.

Em relação à geração de caixa, as decisões passam por diminuir o capital de giro, reprogramar investimentos que poderiam ser postergados e dar mais atenção a despesas, incluindo as pequenas, disse Barbosa, sem dar detalhes sobre o que deve ser feito em relação a essas despesas.

Uma das preocupações do mercado está no consumo do caixa. No primeiro semestre foram consumidos R$ 2,79 bilhões. Barbosa salientou que a geração de caixa da companhia é mais forte no segundo semestre, por sazonalidade.

O diretor financeiro da companhia, Guilherme Castellan, disse que constantemente a companhia revisita seu “footprint” global. “A ideia é minimizar ao máximo possível a presença em países em que continuamos operando com perdas e, especialmente, com caixas negativos.”

Na América Latina, seguem sendo feitos ajustes como parte do processo em curso de integração da Avon, afirmou o vice-presidente da Natura &CO Latam, João Paulo Ferreira. Agora, será possível acelerar a combinação dos negócios com a Natura.

A receita da divisão regional foi de R$ 5,55 bilhões, 0,4% a mais que um ano ante: a receita da Natura cresceu 14,3% no Brasil e 8,8% na América Hispânica. A Avon caiu 12,8% nos dois mercados. “Toda a indústria aumentou preços e nós também. Como nossa primeira prioridade é proteger a saúde do negócio e nossas margens, já aumentamos preços e continuaremos aumentando”, disse o executivo.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/08/15/no-vermelho-natura-vai-enxugar-a-holding.ghtml

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