Do armazém do tamanho de nove campos de futebol entram e saem 100 caminhões por dia
Um galpão do tamanho de nove campos de futebol e com mais de uma dezena de “ruas” formadas por prateleiras industriais repletas de caixas de produtos, que vão desde xampus até pequenos frascos de cremes faciais. Há pouco mais de dois meses a L’Oréal mudou seu centro de distribuição (CD) da região metropolitana do Rio de Janeiro para Jarinu, município a 75 km da cidade de São Paulo.
O armazém é tão grande que em cada ponta do prédio os funcionários ouvem músicas diferentes – e as caixas de som não entram em disputa. Na manhã de sexta-feira, quando o Valor visitou as instalações da empresa, as equipes com mais paulistas ouviam o ritmo sertanejo. Nos times com funcionários que vieram do Rio de Janeiro eram o pagode e o funk que davam o tom.
O redesenho logístico deixou o coração da distribuição da empresa mais próximo da fábrica, que fica em Osasco (SP), e também dos mercados de maior crescimento de vendas.
“Esse projeto é muito estratégico. Fizemos um mapeamento da concentração geográfica do nosso faturamento e aonde estávamos crescendo”, diz Jeferson Fernandes, diretor de operações da L’Oréal, sem abrir números de investimento. Dona de marcas como L’Oréal Paris, Maybelline, Garnier, a empresa registrou crescimento de 22% nas vendas na América Latina no primeiro trimestre, com destaque para o Brasil.
Segundo Fernandes, o novo espaço irá suportar o crescimento da empresa pelos próximos 10 anos. “Dizemos que não é do tamanho da nossa operação, é do tamanho dos nossos sonhos”, afirma Mariana Moreira, que comanda as operações no CD. De lá, todos os dias entram e saem 100 caminhões e até 7 mil itens podem ser armazenados.
Além de identificar os principais mercados nos canais off-line, como supermercados, farmácias e perfumarias, a empresa olhou para onde mais cresciam suas vendas on-line. Hoje, diz o diretor, os mercados de maior crescimento são a capital e o interior paulista, os Estados da região Sul, o sul de Minas Gerais e municípios na região Centro-Oeste.
A proximidade dos principais clientes reduziu o prazo de entrega de um a dois dias. Trouxe, também, economia em tempos de alta do custo de frete por causa do combustível. “No nosso planejamento inicial não esperávamos o aumento diesel como aconteceu, mas foi extremamente positivo estar mais perto dos clientes e da fábrica”, diz Fernandes.
A proximidade da fábrica, a cerca de 75 km, ajudou nas metas de sustentabilidade do grupo. A frota que leva os produtos para o CD é movida a biogás e a emissão de gás carbônico caiu 28%. Também foi ponto a favor do novo endereço o fato de estar próximo a rodovias de grande fluxo, como a Fernão Dias, a Dutra e Anhanguera, o que facilita o deslocamento para os demais pontos do país e amplia a oferta de parceiros logísticos.
Um dos grandes ganhos foi em espaço, que dobrou em relação ao anterior, chegando a 62,5 mil metros quadrados. É o segundo maior centro de distribuição da L’Oréal na América Latina (atrás do México) e é dedicado apenas ao mercado brasileiro. O prédio pertence à BR Properties, que o adquiriu em maio de 2021 da Brazilian Business Park (BBP), dona do condomínio empresarial em que está instalado o imóvel. A operação é da DHL, parceira da L’Oréal desde 2013.
Líder da operação, Moreira é uma das mulheres em cargos de chefia no CD: 41% desses postos são ocupados por elas, que também são maioria (51%) em toda a força de trabalho composta por 400 pessoas. E 51% são pessoas pretas ou pardas.
Grande parte do time é de Jarinu ou das cidades vizinhas e nunca tinha trabalhado com logística. São mães solteiras, jovens em primeiro emprego e idosos. “À época da inauguração do CD, 30% da população de Jarinu dependia de programas de auxílio. Nosso foco foi em vulnerabilidade social”, diz Moreira.
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