Rede de perfumaria que fez sucesso nos anos de 1980 e 1990 volta ao mercado com novo modelo de negócio. O plano é seduzir público jovem.
Se você tem mais de 30 anos, provavelmente já ouviu falar de Absinto ou de Água Fresca – e sabe que esses nomes não estão relacionados apenas a um tipo de bebida. Os dois foram responsáveis pela ascensão da rede Água de Cheiro no País nas décadas de 1980 e 1990, antes de entrar em decadência com o avanço de concorrentes como O Boticário e Natura. Hoje, ao lado da linha de produtos de higiene e cuidados corporais, a dupla de perfumes é a principal aposta no processo de retomada da empresa. Fundada em 1976, a companhia mineira chegou a ter 900 pontos de vendas em território nacional, número que caiu drasticamente a partir dos anos 2000 por, segundo especialistas, erros de gestão.
Adquirida em leilão, por R$ 6,6 milhões, em 2016, pelo Grupo Narsana, a Água de Cheiro encerrou 2019 com 127 franquias. Agora, apesar da crise provocada pelo coronavírus, desenhou um plano para inaugurar aos menos outras 70 em 2020. Para isso, reforça o investimento no comércio de rua, no recém-criado conceito de loja contêiner e na parceria com a Besni – rede de varejo de moda – para comercialização do portfólio, atualmente com 450 produtos.
A parceria nasce para fazer frente a grandes magazines como Renner e Riachuelo, que também vendem produtos de beleza e perfumaria multimarcas. A rede mineira e a Besni implantaram o modelo pop-up store (lojas temporárias) no interior de três unidades na Grande São Paulo da rede de varejo de moda: Vila Nova Cachoeirinha, Shopping Taboão e Centro de São Paulo. “Essas lojas estão indo superbem. Trabalhamos com todo o mix de produtos Água de Cheiro. A ideia é expandir o negócio para as 34 operações da Besni até o fim do ano”, diz o diretor, Olindo Caverzan Júnior. A retomada da Água de Cheiro já teve duas etapas. “Em 2017 e 2018, trabalhamos na recuperação da imagem da marca, relançamos a logomarca e mudamos o modelo de design de lojas. Foram investidos mais de R$ 3 milhões nessas ações”, afirma Caverzan. “Em 2019, criamos o departamento de expansão da marca para todo o Brasil e vendemos 86 contratos.” A fase três será a do crescimento, tendo o público jovem como foco.
NOVAS GERAÇÕES
Concorrente em outras épocas das gigantes do setor, a Água de Cheiro diversificou o portfólio para atingir as novas gerações. Entre os lançamentos, está a marca Selfie, linha de desodorantes e colônias com visual colorido e lúdico, como embalagens no formato de garrafa de refrigerante. Ainda para este ano, a empresa promete outra novidade voltada ao mesmo público, que será resultado de parceria com uma marca do universo geek – os detalhes são mantidos em sigilo. Além disso, investe em produtos multimarcas. “Em nossas lojas, 70% do portfólio vem de itens Água de Cheiro e 30% de produtos multimarcas, como Antonio Banderas, Everlast, Forum, Gabriela Sabatini, Lamborghini, Pacha”, declara.
CONCEITO HÍBRIDO
Outra estratégia definida pela Água de Cheiro é a criação de lojas-contêiner, modelo de negócio híbrido de produtos e serviços. O espaço vai comercializar itens da marca e estará equipado com estações de manicure e pedicure. Pode ser instalado em estacionamentos de supermercados, postos de gasolina, além de outros locais de acordo com regras estabelecidas pelas prefeituras. A inauguração estava prevista para logo após o Carnaval, mas foi adiada por causa da quarentena. “Esperamos abrir a primeira unidade nos próximos dois ou três meses”, afirma Caverzan, ao destacar o custo mais baixo para os interessados em adquirir esse modelo de franquia – entre R$ 50 mil e R$ 70 mil. O investimento para quiosque varia de R$ 80 mil a R$ 100 mil e o de uma loja, entre R$ 100 mil e R$ 150 mil.
Apesar de o processo de expansão das lojas físicas avançar pelo Brasil, principalmente na região Sudeste (com foco em Minas Gerais e São Paulo), Caverzan diz que a Água de Cheiro ainda não possui distribuição suficiente para atender a todas as regiões. Diante da situação, revela atenção especial ao e-commerce, criado há dois anos e meio. “Tivemos crescimento médio de 18% durante a quarentena, com itens de cuidados no dia a dia, como sabonete, sabonete líquido, hidratante e álcool gel”, observa o executivo. Mas a grave crise provocada pela Covid-19 traz mais preocupações do que boas notícias. Não se trata, no entanto, do único ponto de atenção dentro das discussões de planejamento estratégico da companhia. O diretor demonstra preocupação com a situação política, que tem impactado o dólar, negociado a R$ 5,90 na quinta-feira 14. As fragrâncias utilizadas pela Água de Cheiro são de casas internacionais, cotadas na moeda americana. Ele afirma que os contratos para o primeiro semestre já foram negociados com taxas menores. “Já o planejamento para o restante do ano está sob análise. Mas a empresa está disposta a segurar o preço, para não impactar o consumidor e a rede de franqueados”, afirma Caverzan.
Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br/novos-aromas-na-agua-de-cheiro/
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