Vice-presidente de Operações do Grupo Boticário, Sérgio Sampaio anunciou, com exclusividade ao A TARDE, que serão investidos R$ 600 milhões na Bahia, até 2023, para a construção de um polo nacional da beleza na fábrica de Camaçari. A criação do polo consiste na atração de outras empresas, que são os fornecedores do grupo, para formar o polo nacional. De acordo com ele, a escolha do estado para abrigar o novo projeto do Boticário levou em consideração três fatores: a mão de obra super qualificada dos baianos, o fato de a Bahia estar geograficamente bem posicionada, na porta do Nordeste, além do forte incentivo dado pelo governo do Estado. Portanto, “a soma desses três fatores nos levou a esse casamento muito feliz do Grupo Boticário com a Bahia”, disse o vice-presidente, ao destacar ainda que “a sustentabilidade e diversidade estão não DNA do grupo e serão levados em consideração na montagem do novo polo da beleza. Confira:
Sérgio, primeiro quero saber sobre a relação do Grupo Boticário com a Bahia, uma relação sólida que tem se fortalecido dia após dia?
Primeiro, obrigado pelo convite de estar aqui com vocês e principalmente na Bahia, conversando com os baianos. Sim, é uma relação muito sólida que começa em 2014 com a construção da nossa fábrica no polo de Camaçari e também do centro de distribuição em São Gonçalo. Então essa relação dos últimos 6 a 7 anos só vem crescendo. E hoje, na semana que vem, a gente vai estar falando de mais uma grande etapa que é a construção do polo da beleza na Bahia, onde a gente está atraindo outras empresas também, que são os nossos fornecedores, para formar esse polo da beleza dentro do Grupo Boticário.
Esse é um dado e um fato importante, pois é um investimento de R$600 milhões do Grupo Boticário e isso consolida o polo nacional de beleza. Por que a Bahia foi escolhida e como será a estratégia de fortalecimento do grupo no estado?
São pontos super importantes. Quando a gente discutiu sobre a Bahia, três fatores nos levaram a botar a planta aí. O primeiro fator foi a questão dos baianos. A gente viu que existia uma mão de obra super qualificada, uma mão de obra muito boa para poder executar todas as questões, e não só as questões operacionais, mas também todas as questões estratégicas. A Bahia está posicionada na porta do Nordeste, então para nós geograficamente era importante estar aí. E também a época, agora a gente teve um forte incentivo do Governo do Estado para estar presente. Então a soma desses três fatores nos levou a esse casamento muito feliz do Grupo Boticário com a Bahia.
Nesse polo nacional você trouxe um elemento importante que é a aproximação e a consolidação dessa relação com as empresas parceiras justamente para poder dar mais robustez à operação do grupo no estado. Como será essa operação e como isso vai ser constituído, já que esse investimento vai acontecer até 2023?
Exato. Como você colocou, a gente está investindo agora algo em torno de R$600 milhões, mas anteriormente, se a gente for somar os investimentos que a gente fez de 2015 para cá, dá mais ou menos R$1,5 bilhão, que é a construção da fábrica em Camaçari, a construção do centro de distribuição em São Gonçalo. Quando a gente constrói, a maioria dos nossos produtos eram comprados por fornecedores que estavam posicionados na região Sul do país. E aí a gente fez o convite depois de consolidados na Bahia de atrair esses nossos parceiros fornecedores para cá também. E nesse primeiro momento, a gente está inaugurando três grandes empresas que cuidam da parte de embalagens, que é a Aptar, a Box Print, a Printec e a Vitro. Essas três empresas vão contribuir e muito na geração de empregos que o Grupo Boticário vai fazer, pois, elas somadas serão mais de 600 empregos diretos e mais ou menos 600 empregos indiretos que elas estarão também trazendo para o polo da beleza em Camaçari.
A preocupação com o desenvolvimento sustentável sempre foi uma pauta presente nas discussões do Boticário. Isso também vai ser levado em consideração na consolidação desse novo centro?
Sim. Nossos prédios inclusive são certificados no que a gente chama “LEED” que em inglês significa “Leadership in Energy and Environmental Development”. Essas empresas que têm esses certificados são empresas que desde a sua construção até a sua operação respeitam de forma integral o meio ambiente. Quando a gente fala de produtos do Grupo Boticário, hoje mais de 97% dos nossos produtos têm características sustentáveis. Nós, daqui a 5 anos, teremos 100% dos nossos produtos reciclados e mais de 65% dos nossos produtos atualmente já são veganos, de origem não animal. Então essa questão em relação ao Grupo Boticário é de um respeito enorme. Outro ponto importante a destacar é que a nova fábrica já produz 100% de energia renovável, e que nós somos carbono positivo. O que significa isso? a quantidade de carbono que o Grupo Boticário emite quando faz a sua produção, quando transporta seus produtos, nós temos a nossa compensação com duas grandes reservas, uma no Centro-Oeste do país, outra no Sul do país, cuja captação de CO2 gera um efeito negativo. Então a gente diz que o Grupo Boticário é negativo na geração de CO2, porque a gente gera, mas a gente compensa muito mais do que geramos. Então para nós no nosso DNA existe uma questão que é a sustentabilidade. Outro ponto importante também é a diversidade. Quando a gente olha a diversidade dentro do Grupo Boticário, a gente vê na Bahia um grande exemplo que hoje 48% são mulheres e 51% são homens. Mais de 1.200 pessoas trabalhando. Ou seja, a equidade entre homens e mulheres. Quando a gente fala sobre projetos sociais, a gente tem um projeto muito forte de capacitação de profissionais da beleza em conjunto como o IFBA, onde a gente construiu o prédio do IFBA e a gente dá os treinamentos e capacitações. É óbvio que no período da pandemia a gente teve que fazer isso online, mas a partir do ano que vem a gente retoma inclusive com as aulas e a questão também do treinamento presencial. Então, como você bem falou, sustentabilidade, diversidade estão na essência do Grupo Boticário, no nosso DNA.
Fazem parte do Grupo Boticário algumas marcas como o próprio Boticário, Quem Disse Berenice, Eudora, que visam atingir públicos diferentes numa estratégia de atender à mais diversificada quantidade de pessoas no país. Qual sua expectativa e o que vai ser produzido no estado?
Bom, hoje o Grupo Boticário, como você colocou, é uma marca que vai faturar esse ano algo em torno de R$16,5 bilhões. O grupo hoje é composto pelas marcas Boticário, Eudora, Quem Disse Berenice, Vult, Australian Gold e o maior site de beleza do país, que é o Beleza na Web. Então o Grupo Boticário é o que a gente chama hoje de “omnicanal”, “omnichannel”. Ele hoje tem mais de 4 mil e 100 lojas, mais de 1 milhão de representantes também que fazem parte do nosso Grupo. E para atender a todo esse mercado que você falou, nós estamos investindo esses R$600 milhões. Atualmente a gente produz 150 milhões de peças aí na Bahia e a gente vai produzir algo em torno de 250 milhões de peças. Os maiores investimentos que nós estamos fazendo são 3 grandes fábricas. A gente está fazendo na fábrica de estojos, os kits que o Grupo Boticário monta, a nossa fábrica de cabelos, cremes e hidratantes e perfumaria. Então de fato a gente está precisando de quase todos os segmentos aí dentro da fábrica. Então nós estamos ampliando a nossa capacidade em mais de 65%, a nossa capacidade total de produção. Saindo dos atuais 150 milhões para algo em torno de 250 milhões de peças daqui a 2 anos.
Para que esse fortalecimento aconteça, parcerias estão sendo estabelecidas com a Federação das Indústrias da Bahia, a Fieb, para mapear esses fornecedores e auxiliá-los no processo de crescimento. Como se dá essa relação com a Fieb e de que forma isso vai impactar na vida das empresas?
Isso já tem impactado, você tocou num ponto super importante para nós. Dentro do nosso propósito, a gente utiliza a beleza para transformar as pessoas e transformar o mundo ao nosso redor, e esse é o nosso propósito. E quando a gente fala transformar o mundo ao nosso redor, a gente fala exatamente dessa parceria que você citou. E essa parceria não passa só no mapeamento. Essa parceria passa também pela capacitação. Porque muitas empresas por vezes não são tão preparadas para poder trabalhar com empresas de grande porte como nós, devido às exigências de cadastramento, documentação, formas de atuação em relação ao mercado, a questão de compliance. E o que a gente faz nessa parceria? Além de mapear os fornecedores, a gente capacita para que esses fornecedores venham a trabalhar em empresas igual ao Grupo Boticário, também para o Grupo Boticário, mas um ponto super importante: a gente faz essa parceria capacitando para que ela também esteja apta para atender qualquer empresa de grande porte no país. Então a gente tem feito esse investimento e a gente já impactou mais de 400 empresas na Bahia, e a nossa ideia é ampliar esse escopo dentro desse processo. Outro item importante é que a gente também tem colocado os nossos investimentos primeiro. Se tiver algum fornecedor na Bahia que tenha o produto, a gente primeiro procura capacitá-lo, para se não houver, aí sim a gente estender essa relação de compra em outras regiões do país.
A gente fala do Boticário e lembra sempre da diversidade e da beleza do brasileiro e da brasileira. E a preocupação de diversificar os produtos para acessar as mais diversas formas de expressão da população do país sempre esteve presente no DNA de vocês. Essa é uma preocupação do grupo, dar espaço e atender a demanda sobretudo das minorias?
Excelente pergunta e te agradeço por ela. Hoje quando a gente fala de uma linha de cabelo, a gente lança a linha de cabelo para todos os tipos. O cabelo loiro, o cabelo liso, o cabelo crespo, o cabelo ondulado. Quando a gente fala de maquiagem, a gente lança mais de 20 tipos de cores e pantones que abrigam todas as colorações do mercado brasileiro. Todas as mulheres, sejam brancas, morenas, negras ou intermediárias que podem se reconhecer nesses produtos e ter um produto que atende à sua necessidade de forma especifica. Então onde que o Grupo Boticário se diferencia nessa questão que você falou em relação a produtos? Dando acesso e desenvolvendo linhas de produtos que vão desde os cuidados pessoais com corpo e cabelo, também maquiagem, e todo um leque de opções para que atenda a qualquer diversidade do mercado brasileiro. Dentro disso também, no ano que vem a gente também vai estar lançando a maquiagem masculina. Porque a maquiagem masculina já é algo difundido lá fora, ela não tem tanta diferença para a maquiagem feminina, mas ela tem as suas especificidades. Ela tem a questão de utilização mais simples, mas é um outro mercado que a gente também vai estar acessando, porque a questão da maquiagem não tem nada a ver com ser direcionada a uma opção de vida, uma opção sexual. A maquiagem tem a ver com beleza, estilo, cuidar de si. Então a gente também vai por esse caminho.
Essa preocupação do Boticário sempre esteve na vanguarda e sempre pautou essa discussão em todo o país. Volta e meia a gente percebe alguns episódios de discriminação ou de exclusão e vocês tentam utilizar a força da marca justamente nesse processo de afirmação e de inclusão. Isso diferencia o grupo, Sérgio?
Sim. E a gente não faz isso por uma questão comercial. A gente faz isso porque a gente acredita nessas questões. E quando você vê as nossas campanhas, como você bem citou, seja da questão da sexualidade das pessoas, seja da questão da raça e da cor, a gente é totalmente inclusivo. E aí essa inclusão não se dá por uma questão comercial. Ela se dá porque a gente acredita na diversidade, a gente acredita no respeito a cada ser humano e a gente acredita que cada um tem a liberdade de ter a sua força de expressão de ser quem é. E a gente utiliza sim a força desse grupo, a força dessa marca como você colocou para permear através das nossas campanhas e produtos essa questão da diversidade muito bem destacada por você.
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