As ações da Natura (NTCO3) praticamente andaram de lado em 2021: acumulam queda 5,75%.
Para o BB Investimentos, em relatório enviado a clientes e obtido pelo Money Times, essa performance não reflete o real valor da Natura.
Na visão da corretora, mesmo com a segunda onda de casos da Covid, que atrapalhou o desempenho da companhia, sobretudo no primeiro trimestre, a empresa tem mostrado serviço.
“Entendemos que o preço corrente não reflete adequadamente os resultados positivos que o grupo vem atingindo no curso da pandemia, além dos avanços na integração da Avon, com o início da captação das sinergias acima do estimado inicialmente”, afirma.
O BB elevou o preço-alvo da Natura para o final de 2022 para R$ 64,10, potencial de alta de 25%.
O que esperar daqui para frente?
A analista Georgia Jorge, que assina o relatório, não descarta que a companhia siga sofrendo com as restrições ao comércio em algumas localidades. Porém, o grupo está mais preparado para enfrentar esses desafios, argumenta.
“Além disso, seu crescimento e rentabilidade devem continuar evoluindo conforme as operações sejam retomadas à normalidade, haja maior digitalização das vendas e a integração e turnaround da Avon siga tomando corpo”, completa.
Arrumando a casa
Um dos aspectos que mais chama a atenção é como a Natura está recuperando a Avon. Entre pontos que Georgia destaca, está:
- a implantação de um piloto do novo modelo comercial nos países nórdicos e na África do Sul, com o objetivo de aumentar a produtividade das representantes;
- início da produção do Body Butter (produto icônico da marca The Body Shop) na fábrica da Avon localizada na Polônia;
- maiores investimentos em digital, TI e marketing para impulsionar o crescimento futuro.
No segundo trimestre, excluindo efeitos negativos decorrentes de um acidente cibernético que prejudicou as vendas da marca Avon no segundo trimestre, a receita líquida da Avon América Latina cresceu 28% em reais ou 25,6% em moeda constante. Já a Avon International saltou 28,9% em reais ou 22,6% em moeda constante.
Natura: onde o sol não se põe
Outra carta na manga da Natura é sua presença geográfica. A analista lembra que a companhia segue com desempenho superior no mercado CFT (Cosméticos, Fragrâncias e Higiene Pessoal) no Brasil, bem como forte crescimento na Argentina e Peru, sendo que o México se tornou o maior mercado da Natura em vendas após o Brasil.
“A Avon vem ganhando espaço na América Latina e em mercados-chave como Filipinas, África do Sul, Romênia e Itália, enquanto no Reino Unido a marca vem se destacando em cuidados com a pele”, pontua.
No caso da inovação, a especialista diz que a marca lançou uma nova linha da marca Ekos, apresentando um novo ativo da biodiversidade da Amazônia (tucumã), enquanto a The Body Shop rejuvenesceu as linhas White Musk e Body Butter, que passam a contar com embalagens de alumínio plástico 100% reciclado.
Riscos
O BB Investimentos afirma ainda que os principais riscos para a tese de investimentos da Natura são:
- incapacidade de integrar suas plataformas físicas (vendas diretas e lojas) ao comércio eletrônico, perdendo espaço para os concorrentes;
- incapacidade de criar produtos inovadores e bem-sucedidos, além de atrair e reter consultores independentes;
- incapacidade de integrar as divisões de negócios resultantes de fusões e aquisições.
Fonte: https://www.moneytimes.com.br/o-mercado-esta-ignorando-o-potencial-da-natura/
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