A criação da holding Natura &Co para comprar a Avon Products derrubou em 65,2% seu lucro líquido em 2019, que foi de R$ 190,9 milhões. Foram gastos R$ 206,6 milhões em impostos para formar a nova controladora.
Em 2019, a receita líquida da Natura &Co, excluindo a Avon, foi de R$ 14,44 bilhões, alta de 7,8%, enquanto no trimestre subiu 7,3%, para R$ 4,6 bilhões. A receita da Avon somou R$ 18,49 bilhões no ano, elevando as vendas líquidas da holding para R$ 32,94 bilhões.
De outubro a dezembro, o lucro da companhia, que inclui as marcas Natura, The Body Shop e Aesop, foi de R$ 14,3 milhões, queda de 96,3%. No ano e no trimestre, os dados excluem os efeitos da adoção da nova norma contábil IFRS 16, que mudou o tratamento sobre os contratos de arrendamentos.
“Os efeitos não são recorrentes e não têm impacto no caixa”, disse Roberto Marques, presidente executivo do conselho de administração e principal executivo da Natura &Co. O lucro operacional ajustado no trimestre atingiu R$ 641,2 milhões, alta de 18,4%, ajudado por margem bruta maior em todos os negócios. No ano, somou R$ 1,37 bilhão, aumento de 5,7%.
A fabricante de cosméticos fez uma versão pro forma da demonstração financeira incluindo os números da Avon, cuja compra foi anunciada em 22 de maio de 2019 e concluída em 3 de janeiro de 2020. Menos rentável que as outras três marcas, a americana contribuiu com lucro anual de R$ 17,5 milhões, sendo que o total foi de R$ 173 milhões.
Para 2020, Marques diz que está com um “otimismo cauteloso” porque o crescimento da economia está abaixo do esperado, mas enxerga oportunidade para a Natura continuar ganhando participação de mercado. “Este ainda será um ano de transição porque estamos integrando a Avon e aprendendo sobre o negócio.”
No segundo semestre vão aparecer os primeiros resultados da integração das operações da Avon e da Natura na América Latina nas áreas de compras, industrial e administrativa, segundo o executivo. Os investimentos deverão diminuir com a utilização da infraestrutura da Avon.
Questionado sobre os efeitos da epidemia Covid-19 nas vendas, o presidente respondeu que a exposição da Natura &Co é baixa porque a Ásia representa menos de 10% do negócio. “Os casos de coronavírus nas Filipinas, mercado mais importante na região são poucos.” Mas preocupa o fornecimento de embalagens para as marcas The Body Shop e Avon feitas na China, assim como os artigos de casa e moda produzidos no país.
Marques disse que a disparada do dólar comercial, que fechou ontem a R$ 4,65, acende um alerta, mas o efeito na operação é menor em relação a dois anos atrás. Hoje, o Brasil representa 31,7% das vendas do grupo.
No ano passado o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) pro forma da Natura &Co foi de R$ 2,46 bilhões – mais que o dobro do que o da Avon, de R$ 1,13 bilhão. Somando os dois, o indicador que mede a geração de caixa da quarta maior empresa de beleza do mundo atingiria R$ 3,59 bilhões no período.
Excluindo o efeito do IFRS 16, o Ebitda da foi de R$ 1,9 bilhão no ano, um crescimento de 3,2%, com margem de 13,2%, queda de 0,6 ponto percentual. No trimestre, o Ebita atingiu R$ 744,5 milhões, avanço de 4,2%. A margem caiu 0,5 ponto percentual, para 16%.
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