CEO global diz que subsídio vai acabar e que grupo voltará a investir
O trabalho de integração e aceleração da Avon já mostrou resultado no terceiro trimestre da Natura &Co. A receita da marca cresceu 19,3% em reais na América Latina, impulsionada especialmente pelas vendas no Brasil, e avançou 22,5% na operação internacional, que reúne 50 mercados na Europa, Ásia, África e Oriente Médio.
No consolidado do grupo, a receita líquida no período foi de R$ 10,4 bilhões, alta de 31,7% em reais e de 11,6% em moeda constante quando comparado ao terceiro trimestre de 2019. O lucro líquido foi de R$ 378 milhões, acima dos R$ 64 milhões do período em 2019, quando a Avon ainda não integrava o grupo. Na comparação com o segundo trimestre deste ano, o desempenho representou uma virada para o campo azul, já que de abril a junho, a Natura &Co registrou um prejuízo de R$ 388,5 milhões.
“Resultado geral do terceiro trimestre foi muito acima até das nossas expectativas e todas as empresas do grupo contribuiram muito, com bom desempenho de receita e melhora nas margens”, disse Roberto Marques, presidente da Natura &Co. O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 1,55 bilhão, com margem de 14,8%, um ganho de 3,3 pontos percentuais, em função de crescimento das vendas, melhora da margem bruta e controle de custos.
Marques pondera, no entanto, que o desempenho do trimestre pode ser considerado fora da curva. “Continuamos com diminuição de gasto discricionário do grupo e também há contribuição de subsídios de governo em alguns países. É um resultado muito forte, mas não sustentável a longo prazo porque vamos voltar a investir mais e esses subsídios vão acabar”
O executivo acrescenta que a administração monitora agora o desempenho no quarto trimestre (o mais importante em vendas por causa de eventos como Black Friday e Natal) em meio a novos desdobramentos da pandemia da covid-19 no mundo, com aumento de casos, novos bloqueios e potencial aumento de desemprego. “A vantagem, porém, é que já tivemos muita aprendizagem. Mesmo com fechamento de lojas na Inglaterra, nosso grupo de The Body Shop está sabendo crescer com as vendas on-line e ‘at home’”, diz Marques. As vendas digitais do grupo cresceram 115%, com destaque para o salto de 264% da Aesop e 103% da The Body Shop.
No caso da Avon, o grupo continuou avançando na integração da empresa e economizou US$ 17,6 milhões entre julho e setembro depois de já ter registrado US$ 25 milhões no segundo trimestre. Nos últimos meses, a empresa deu início ao processo de relançamento da Avon com uma campanha de marketing em trinta países. A campanha ainda não chegou ao Brasil e restante da América Latina.
Nos resultados, parte da alta da receita da Avon é explicada pelo atraso no reconhecimento de R$ 450 milhões em vendas do segundo trimestre por causa de um ataque cibernético. Mas, se excluído esse efeito, o faturamento na América Latina ainda seria 3,3% maior e saltaria 19,5% no mercado internacional.
No Brasil, a receita da Avon avançou 6,2%, primeiro crescimento trimestral no país desde o fim de 2018, graças à combinação entre aumento do número de revendedoras e crescimento da atividade.
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