A Avon International, que concentra todas as operações da marca fora América Latina, viu a receita cair 8% no comparativo ao terceiro trimestre do ano passado

Os números do balanço do terceiro trimestre da Natura &Co, maior empresa de beleza do país e 19ª do mundo, dão sinais de dificuldades para o setor a nível global. Os números da companhia ficaram abaixo das expectativas do mercado, refletindo o cenário macroeconômico mais difícil nas operações internacionais, especialmente na Europa.

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) divulgados em outubro indicam que, após sucessivos meses de recuperação em relação a 2021, o volume de exportações do setor pode estar em desaceleração. As vendas de produtos brasileiros ao mercado global em setembro somaram US$ 64 milhões, queda de 1,9% em relação ao mesmo mês de 2021.

A Avon International, que concentra todas as operações da marca fora América Latina, viu a receita cair 8% no comparativo ao terceiro trimestre do ano passado. Desconsiderando as operações na Rússia e na Ucrânia, a queda teria sido de 3%.

O Itaú BBA aponta que margem bruta da companhia, que caiu 1,6 ponto percentual, foi pressionada pela inflação e por questões cambiais. O diretor financeiro da Natura &Co, Guilherme Castellan, admitiu durante a teleconferência de resultados os obstáculos de operar em múltiplos mercados e ter a receita composta por várias moedas.

“Você tem alguns países que têm margens diferentes e, obviamente, quando uma margem sobe e uma desce tem um impacto na tradução desse negócio”, afirmou.

Outra marca da holding afetada no último trimestre foi a The Body Shop, cuja receita caiu 30% no comparativo anual. Os analistas do Itaú BBA, porém, disseram que a margem Ebitda da marca ainda ficou melhor que o esperado.

Apesar das dificuldades no mercado internacional, a Natura &Co aposta que o continente asiático será um mercado-chave para a Aesop, especialmente na China, Japão e Coreia do Sul. A companhia planeja abrir duas novas lojas da marca de fragrâncias de luxo na China, após a inauguração da unidade em Xangai.

De acordo com dados da consultoria alemã Statista, a China importou cerca de US$ 18,6 bilhões de produtos para pele no último ano. A receita de importação de produtos de perfumaria na China cresceu 46,8% em relação a 2020, enquanto as importações de shampoos avançaram 37% em relação a 2020, para US$ 515,6 milhões.

O Itaú BBA destacou em seu relatório que os investimentos em digitalização e a estreia na China pressionaram a lucratividade da Aesop, apesar da receita da marca ter crescido 9% em relação ao terceiro trimestre de 2021.

Outra tentativa da holding para equilibrar seu balanço é promover uma reestruturação. No último dia 17, após semanas de especulação do mercado sobre a operação, a Natura &Co anunciou que poderia realizar uma cisão da Aesop. A marca australiana de fragrâncias de luxo, caso fosse cindida, poderia também promover uma oferta pública inicial de ações.

A Natura &Co afirma que no quarto trimestre deve reportar alta nas vendas em razão da sazonalidade. A pressão de margens, porém, deve persistir nos próximos trimestres.

Fonte: https://cosmeticinnovation.com.br/resultados-da-natura-co-indicam-piora-do-cenario-externo-para-beleza-e-higiene/

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