Grupo Boticário prepara operação de R$ 1 bilhão, segundo fontes; Mahogany e Cless vão a bancos

As fabricantes de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes estão tentando reforçar o capital de giro para enfrentar o impacto do fechamento das lojas com a pandemia da covid-19. O Grupo Boticário busca R$ 1 bilhão para compra de insumos, estoque e crédito a franqueados e revendedores. A Mahogany e o Grupo Cless também vão recorrer a linhas de créditos.

O Valor apurou que os recursos do Grupo Boticário, que faturou R$ 15,3 bilhões em 2019, serão provenientes de instituições financeiras e de Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) operados no mercado com dinheiro dos acionistas Miguel Krigsner e Artur Grynbaum. A expectativa é concluir a operação em breve.

Com 3.806 franquias da marca O Boticário no país em 2019, a paranaense já alongou em 30 dias o prazo de pagamento para os franqueados, que normalmente oscila entre 45 e 55 dias, segundo uma fonte. Além disso, o valor pode ser dividido em oito vezes. Na venda direta, os revendedores agora têm 60 dias para pagar os pedidos, o dobro do usual.

Nas últimas semanas, o controlador de O Boticário, Eudora, Beauty Box, Vult, Multi B, Beleza na Web e quem disse, berenice? já estava antecipando a produção nas fábricas de São José dos Pinhais (PR) e Camaçari (BA) para garantir disponibilidade de produtos no momento em que o comércio retomar as atividades.

O ideal é manter a cobertura do estoque para três ou quatro meses nos centros de distribuição e lojas. O Valor apurou que nos próximos 20 ou 30 dias, as fábricas estarão operando com 20% da capacidade, com foco na produção de álcool em gel. Para garantir a segurança, os funcionários de grupos de risco foram afastados e o intervalo entre os turnos aumentou.

Na Mahogany, o fundador e presidente Jaime Drummond, conversa com bancos sobre uma captação, mas a definição do montante ainda dependerá da quantidade de dias que a fábrica e as lojas próprias ficarão parados. No total, são 230 franquias, com atividades suspensas na maioria dos Estados. As linhas de produção operando com 60% de sua capacidade.

“Os franqueados já pediram na semana passada prazo maior para fazer os pagamentos dos pedidos, que subiu de 45 para 90 dias”, afirmou o empresário. Em certos casos, aumentou para 120 dias. A rede de cosméticos com faturamento de R$ 156 milhões no ano passado tem 1.050 funcionários, mas 800 deles são dos lojistas e os 250 restantes da franqueadora.

Por enquanto, a Mahogany analisa reduzir taxas cobradas das franquias para o fundo de propaganda e marketing. Drummond também está envolvido nas conversas com as administradoras de shopping centers para isenções de taxas para os franqueados.

Na fabricante paulista Grupo Cless, dona de marcas como Charming e Salon Opus, as vendas para perfumarias, supermercados e farmácias praticamente ficaram paralisadas na semana passada. Luiz Piccoli, fundador e presidente, disse que a produção está sendo reduzida e será preciso recorrer às linhas de créditos.

“A alta nos insumos por causa do câmbio já havia complicado, mas o pior é não vender e ter a responsabilidade de manter os custos fixos. Nunca vi nada parecido”, disse Picolli, que controla a fabricante de tinturas, desodorantes e cremes para o corpo com vendas de R$ 281,4 milhões em 2019.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/24/setor-de-beleza-busca-mais-capital-de-giro.ghtml

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *