Grupo apresentou fragrância para conscientizar consumidores sobre preservação ambiental e gestão de resíduos sólidos, mas o produto não será vendido
Com o objetivo de chamar atenção para a importância da preservação do meio ambiente e da gestão de resíduos sólidos, o Grupo Boticário produziu um perfume inédito com cheiro da Baía de Guanabara limpa. O aroma foi lançado ontem, em um evento no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, com a presença de influenciadores digitais e ativistas, mas não será comercializado.
Luis Meyer, diretor de ESG (sigla que sintetiza ações ambientais, sociais e de governança) do Grupo Boticário, destacou que, embora a companhia tenha um programa de logística reversa desde 2006, que permite a devolução de embalagens vazias de cosméticos de quaisquer marcas em mais de 4 mil pontos de coleta espalhados por todo o país, a adesão de consumidores ainda é baixa.
— Estamos fazendo uma provocação. Se a gente não cuidar desse cartão-postal do Brasil, ele pode ser extinto — disse Meyer.
Gustavo Dieamant, diretor executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da companhia, explicou que a fórmula foi desenvolvida por meio de uma técnica chamada headspace, o que permitiu colher os olfativos sem danificar a natureza:
— É como se fosse um vaso de vidro virado de ponta-cabeça, com o qual a gente capturou amostras das moléculas aromáticas do ambiente. Depois disso, com algumas técnicas, conseguimos decifrar aquilo quimicamente e simular o olfativo real.
Ainda de acordo com ele, o cheiro é composto por notas aquáticas características da região preservada da Baía de Guanabara, por notas das flores encontradas no local, como violeta e jasmim, além de notas das madeiras que compõem a floresta.
Da Europa à Oceania
No segundo semestre, a iniciativa será replicada em outros países. O Boticário irá lançar fragrâncias inspiradas nos cheiros de paisagens que também estão ameaçadas pela poluição na Calábria, na Europa, na Ilha de Madagascar, na África, em Nova Delhi, na Índia, e em Camberra, na Oceania.
No mesmo evento, foi anunciado que a nova edição do perfume Argo terá tampas com plástico feito a partir de óleo de cozinha ao invés de petróleo. A novidade faz parte do conjunto de metas relacionadas a ESG (sigla em inglês práticas ambientais, sociais e de governança) da companhia.
Em dezembro, o Grupo Boticário captou R$ 2 bilhões em títulos sustentáveis com o objetivo de tornar 100% dos produtos de suas marcas veganos até dezembro de 2026 (atualmente são cerca de 90%) e de consumir ao menos 80% da água de reuso na fábrica de São José dos Pinhais (Paraná) até 2029.
— A gente entende que esse é um mecanismo sustentável para as finanças do nosso negócio, para as ambições de crescimento do grupo. É possível que a gente venha a utilizar novamente esse instrumento no futuro — revela Luis Meyer.
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