Vários fatores contribuem para a relevância do mercado farmacêutico no Brasil nas próximas décadas. O envelhecimento da população, a introdução de medicamentos genéricos pela expiração de patentes, o lançamento de novos medicamentos a preços elevados, o aumento da conscientização da população com relação à prevenção de doenças e a expansão dos gastos com saúde pelo governo e fontes pagadoras propiciarão que o mercado farmacêutico brasileiro, que já cresce acima do PIB (5,88% vs. 0,4%¹), continue apresentando um bom desempenho.

Entre estes fatores, chama a atenção, em especial, o envelhecimento da população. Dados do IBGE informam que, enquanto a faixa etária de 20 a 29 anos gasta, em média, R$ 58,60 em medicamentos/ano, a população acima de 60 anos tem um dispêndio ao redor de R$200,00. Esta população acima de 60 anos aumentará de 26 milhões para 66 milhões em 2050, enquanto a população de 15 a 29 anos, que hoje é de 51 milhões de pessoas, decairá para 38 milhões neste mesmo período.

Mas se as perspectivas são positivas a médio e longo prazo, o mercado farmacêutico brasileiro deverá vencer uma série de desafios no momento atual. Em 2017, o crescimento esperado para a indústria (7,5% em valores²) é inferior aos anos anteriores, em unidades e valores. Por um lado, a indústria obteve o menor reajuste de preço dos últimos 10 anos. Por outro, a alta taxa de desemprego (que deverá manter-se em torno de dois dígitos até 2020, de acordo com a FGV) e a queda do poder aquisitivo impactam o mercado duplamente: pela queda do poder de compra em si (cerca de 80% dos gastos de saúde, no Brasil, são financiados pelo próprio consumidor, ao contrário de países como Japão e Espanha, onde o governo financia cerca de 70% dos gastos com saúde) e pela dificuldade de acesso à saúde suplementar (o número de beneficiários de planos de saúde, que cresceu de 35 milhões em 2004 para cerca de 50 milhões em 2014, regrediu em 3 milhões em 2015).

Como vencer este desafio? Inovação incremental, aumento da produtividade, estratégias para redução de custos, desenvolvimento e lançamento de novos produtos, exploração de mercados subpenetrados, programas para melhoria do acesso a medicamentos e aumento de investimentos em marketing são algumas das respostas fornecidas por líderes de laboratórios nacionais e multinacionais a este questionamento.

Respostas válidas para um ano em que o C-Level concentra-se em execução e no curto prazo³. Para os próximos anos, porém, a criação e captura de valor no mercado farmacêutico requererá de seus líderes expansão de mapa mental para revisão de modelos de negócios, assim como capacidade de articulação e gerenciamento da mudança.

¹ Valor Econômico / QuintilesIMS, PPP, MAT julho 2017
² Preços para o varejo farmacêutico com descontos (PPP QuintilesIMS)
³ BMI C-Suite Survey 2017

Fonte: http://www.pgifarma.com.br/o-mercado-farmaceutico-em-2017/

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