Começa a valer neste mês o decreto que equipara estabelecimentos atacadistas à indústrias para a incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre cosméticos. A ampliação da cobrança elevará a arrecadação federal em R$ 1,5 bilhão por ano, mas pode reduzir as vendas do setor entre 7% e 17% e eliminar 200 mil empregos em 2015, de acordo com estudo elaborado pela LCA Consultores para a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
O setor recebeu a mudança com surpresa em janeiro, mas não conseguiu avançar nas negociações com o governo. “A gente vai ter que se adequar a um mundo diferente”, afirma João Carlos Basilio, presidente da Abihpec. Ele espera reflexos no aumento da inflação, da informalidade e na concorrência com importados. Os investimentos em inovação e marca também podem diminuir.
Avon, Natura, Hypermarcas, L’Oréal, Unilever e P&G têm operações de distribuição e devem ser tributadas pela nova regra. O presidente da Hypermarcas, Claudio Bergamo, acredita que a maioria do setor vai repassar integralmente os gastos com IPI. Se isso ocorrer, os preços podem subir até 12,5% acima da inflação, segundo a pesquisa encomendada pela Abihpec.
A mudança tributária afeta cerca de 15% das receitas da Hypermarcas, que também vende medicamentos. A companhia acredita que o repasse de IPI vai trazer efeitos pequenos sobre a demanda na divisão de consumo. A categoria de esmaltes, em que a marca Risqué é líder de mercado, será a mais afetada.
Na Natura, os preços subirão 2,5% em junho, para mitigar os efeitos negativos do IPI e da valorização do dólar ante o real. Os aumentos estarão mais focados na área de cosméticos, devido ao IPI, do que em higiene pessoal. “O IPI entra em vigor em maio (…) mas é algo que tanto judicialmente como politicamente está em discussão”, disse o presidente Roberto Lima na quinta-feira, após a divulgação do balanço da companhia.
Para perfumes, a alíquota do imposto será de 42%. Para os demais produtos, como maquiagem para boca, olhos e rosto, esmaltes e loções, de 22%.
A Avon espera um impacto negativo de 0,5 ponto percentual na margem operacional de 2015 devido ao IPI. A americana gera cerca de 20% de suas receitas no Brasil. Para a agência de risco Moody’s, o imposto é um dos principais riscos para a empresa este ano, acompanhado da volatilidade cambial, da inflação e do alto endividamento.
Fonte:http://www.valor.com.br/empresas/4031782/marcas-preparam-repasse-do-novo-ipi
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