A Natulab, farmacêutica controlada pelo Pátria Investimentos, vai às compras em 2016 para ampliar presença no mercado brasileiro. Estão no alvo empresas com faturamento em torno de R$ 150 milhões, provavelmente do segmento de medicamentos de prescrição, que complementariam seu portfólio. Essa cifra, porém, não corresponde ao teto do que o grupo poderá empenhar em uma transação. “Não estamos limitados a esse valor”, afirma o presidente da Natulab, Wilson Borges.
Conforme o executivo, que chegou ao grupo em dezembro e contabiliza 35 anos de experiência no mercado farmacêutico, dos quais quase 20 anos em dois diferentes períodos na Pfizer, a Natulab tem fôlego financeiro para fechar um negócio mais vultoso caso surja uma boa oportunidade. “Se houver um grande negócio de genéricos à venda, temos apetite. Mas não está nos planos entrar nesse segmento por meio de uma pequena empresa”, diz.
As transações serão pagas com dinheiro do caixa e aportes adicionais do Pátria, que em 2013 comprou o controle da Natulab, ou 65% do capital total, em operação estimada pelo mercado em R$ 130 milhões. No setor farmacêutico, o Pátria já investiu na Elfa Medicamentos, fundada na Paraíba, e na fabricante de próteses hospitalares MDT.
A Natulab tem olhado ativos desde o ano passado e trabalha com a expectativa de alguma acomodação nos preços, que subiram de forma significativa na esteira do forte interesse de multinacionais em operações locais e dos prognósticos positivos para as vendas de medicamentos no longo prazo.
No ápice, o valor das operações de compra e venda de laboratórios no país chegou a corresponder a 10 vezes o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). “O mercado está bastante aquecido, com ativos ainda caros. Mas queremos fechar ao menos uma aquisição em 2016”, diz Borges. Um segundo negócio poderá se concretizar entre 2017 e 2018.
A compra de empresas, na realidade, faz parte de um pacote mais amplo de medidas que a companhia acaba de colocar em marcha para se tornar, em três anos, uma farmacêutica com presença nacional e no hall das dez maiores do país no segmento de medicamentos isentos de prescrição (OTC, na sigla em inglês) por receitas.
Hoje, a Natulab ocupa a 18ª posição nesse segmento, em valores, segundo dados da consultoria IMS Health. Em unidades, porém, já é a 6ª maior do mercado de OTC, que responde por cerca de 60% do faturamento do grupo.
No ranking geral, a meta é estar entre as 30 maiores empresas farmacêuticas do Brasil em valores – atualmente é a 51ª em receitas e 21ª em unidades. No segmento de fitoterápicos, é dona da marca Sintocalmy, líder de mercado.
No comando da reorganização da companhia, Borges reconhece que o projeto da Natulab é ousado e o objetivo final, que implica necessidade de crescimento médio de 17% ou 18% ao ano, ambicioso. Mas, para ele, as metas são factíveis. “O grupo já subiu 40 posições no ranking em cinco anos, com a diversificação de portfólio.” Fundada há quinze anos na Bahia pelos irmãos Marconi Sampaio e Milton Júnior, que juntos detêm cerca de 5% da empresa, a Natulab encerrou 2015 com vendas líquidas de R$ 217 milhões e projeta R$ 240 milhões para este ano. A estratégia de crescimento, que já passou pela profissionalização do grupo, inclui ainda transferência da sede de Santo Antônio de Jesus, na Bahia, para a capital paulista. A expectativa é a de que, em dois meses, a área administrativa esteja nas novas instalações.
“Para crescer, é preciso estar no maior mercado [de medicamentos], que é o Sudeste”, afirma o executivo, referindo-se tanto à transferência da sede quanto a outro pilar do planejamento estratégico, a nacionalização das vendas. Por enquanto, mais de 60% dos negócios do laboratório estão concentrados no Norte e Nordeste do país.
Com a contratação de novos profissionais de vendas, a transferência da sede e a ampliação das instalações fabris na Bahia, haverá condições para ganhar espaço nos mercados do Sul, diz Borges. O grupo prevê ampliar vendas por meio das grandes redes de drogarias – hoje o forte da Natulab está nas farmácias independentes -, que representam 55% do mercado.
Nos últimos dois anos, a empresa investiu R$ 60 milhões para ampliar a capacidade de produção no complexo de Santo Antônio de Jesus, onde trabalha quase 1% da população do município (de 100 mil habitantes). Em 2016, outros R$ 40 milhões serão aportados nesse projeto, que resultará na transferência dos produtos fitoterápicos e dos suplementos da marca Naturelife para uma nova fábrica na metade do ano. O investimento permitirá iniciar a produção de dermocosméticos, novo mercado para o grupo. Em 2015, a Natulab produziu 120 milhões de unidades. Com a expansão do complexo, a capacidade instalada passará de 210 milhões de unidades para 340 milhões de unidades por ano.
Fonte: http://sindusfarma.org.br/cadastro/index.php/site/ap_imprensas/imprensa/1119
Deixe um comentário