Tecnologia aliada ao bem-estar do ser humano, água como recurso protegido, consumidor e empresa unidos e gastronomia inserida na área da beleza serão os destaques na próxima década.
No futuro, a água será um recurso protegido, os humanos se fundirão aos dispositivos tecnológicos e preocupações com energia vital aumentarão, portanto, as companhias de beleza devem inovar para permanecerem relevantes. Diante neste cenário, o departamento de Beleza e Cuidados Pessoais da Mintel elencou as quatro principais tendências que orientarão os mercados globais de beleza durante a próxima década, incluindo as implicações que trarão para consumidores e marca.
1 – O Humano Aumentado
O aumento da popularidade da tecnologia vestível deu aos consumidores uma visão maior sobre o funcionamento interno do seu próprio corpo, 18% dos consumidores chineses possuem um dispositivo vestível, enquanto quase metade, 48% dos usuários de protetores do Reino Unido estaria interessada em um aplicativo que possa monitorar as mudanças e sinais de pele.
À medida em que os consumidores se tornam cada vez mais familiarizados em usar a tecnologia para monitorar sua saúde e bem-estar, eles procuram por marcas de beleza que ofereçam produtos e dispositivos que contem com essa funcionalidade. Nos Estados Unidos, 30% das mulheres dizem estar interessadas em experimentar um produto de beleza facial com ferramentas de diagnóstico integradas.
De acordo com o estudo, no futuro, os dispositivos de beleza irão se mudar para debaixo da superfície da pele, com implantes que ofereçam hidratação adicional, nutrição e proteção contra os elementos por um período prolongado. Além disso, os avanços da tecnologia sairão do laboratório para o varejo, ajudando a melhorar a experiência de compra. Isso é especialmente verdadeiro entre os consumidores que já experimentaram serviços e produtos similares: 64% dos consumidores chineses que compram artigos de luxo estão interessados em interatividade ou experiências digitais disponíveis nas lojas como espelhos virtuais, fones de realidade virtual e expositores interativos.
No Reino Unido, 23% das consumidoras entre 16 e 24 anos que fizeram tratamento de cabelo ou serviços em um salão estão interessados em usar espelhos inteligentes para verem digitalmente o estilo ou cor desejados antes de se comprometerem com uma consulta.
2 – Água: O novo Luxo
No atual nível de consumo, até 2025, dois terços da população mundial poderão estar sob o risco de escassez de água. Num futuro em que a água se tornará um recurso protegido, banhos de banheira e regadores de grama se tornarão luxos impensáveis e o racionamento será natural em todos os lugares. Segundo a pesquisa, a consciência do consumidor aumentará e a conservação da água está no topo de suas prioridades.
No Reino Unido, um terço (33%) dos consumidores diz que pagaria mais por acessórios que economizem nas contas de água e energia, enquanto 27% procuram sempre tomar banhos mais curtos. Outros 27% dos consumidores britânicos usam menos ou reutilizam a água. Como os consumidores reduzem o seu uso, eles esperam que as marcas façam o mesmo e algumas já estão se adaptando a essa nova realidade. Onde antes a água era uma parte essencial de qualquer rotina de beleza, novas fórmulas requerem pouca ou nenhuma água extra para funcionar.
A próxima geração de produtos irá funcionar sem nenhuma água sequer. A pesquisa destaca o apelo desses produtos, especialmente entre os grupos de idade mais jovem. No Reino Unido, 13% de todos os consumidores dizem estar interessados em produtos de banho e sabonetes a seco, com esse interesse aumentando para um quarto (24%) dos consumidores com idade entre 16 e 24 anos. Na França, ainda há uma demanda maior, onde 15% dos consumidores em geral dizem estar interessados nesses produtos, aumentando para 28% das pessoas com idade entre 16 e 24 anos.
As marcas também precisarão focar na transparência de suas ações sobre as questões da água, já que consumidores céticos querem acesso aos detalhes específicos dos seus hábitos do uso. Esse foco na procedência também incluirá o local de produção, com as marcas detalhando onde seus produtos são feitos, se o fornecimento de água na região é abundante ou comprometido e se os métodos de produção economizam ou reciclam água. Os consumidores mais jovens serão o mercado principal para inovações futuras. As marcas podem explorar seu idealismo juvenil, paixão e desejo de mudar o mundo com produtos que claramente demonstrem como eles estão tratando a questão da escassez de água.
3 – Poder de Jogo
Como o ritmo da vida moderna acelera numa velocidade mais rápida do que o consumidor possa acompanhar, o nível de disposição está se tornando uma preocupação essencial para muitos e a fadiga é uma companhia indesejável. Mas os consumidores estão lutando contra o cansaço. Na próxima década, haverá uma abordagem com duas vertentes para os que optam por mudanças significativas no estilo de vida, enfrentar os baixos níveis de disposição ao mesmo tempo em que procuram produtos com a fórmula focada na energia e que possam lhes dar mais estímulo. A pesquisa da Mintel indica que quase quatro em cinco adultos britânicos (79%) dizem que odeiam se sentir com pouca disposição. Nos EUA, o cansaço ou fadiga está em segundo lugar, enquanto a preocupação com a saúde é citada como uma questão importante por 28% dos americanos.
A primeira atitude que alguns consumidores irão adotar é uma atitude mais holística com relação à saúde e bem estar. Ao invés de enfrentar os problemas individualmente, eles irão procurar por um estilo de vida mais saudável como um todo. Na China, consumidores de produtos de beleza para o rosto fazem ligações claras entre o estilo de vida, boa forma física e as condições da pele, com 72% querendo melhorar a aparência, melhorando a qualidade de seu sono, 64% querendo ter uma dieta mais balanceada e 59% querendo se exercitar mais. Sono, exercício e dieta também estão no topo das questões de saúde dos brasileiros, com 74% dos adultos dizendo que dormir é um dos três principais fatores de uma vida saudável, 49% apontando o exercício e 46% mencionando uma dieta balanceada. Mais de um terço dos homens nos Estados Unidos dizem que se exercitaram mais em 2015 do que no ano anterior.
Em segundo lugar, cada vez mais os consumidores buscarão produtos que complementem uma mudança mais ampla no seu estilo de vida. De fato, as reivindicações de energia estão aumentando no mercado de beleza e higiene pessoal. De acordo com o Banco de Dados de Novos Produtos (GNPD) da Mintel, os produtos de cuidados para a pele com posicionamento de energia representaram 12% dos lançamentos globais de janeiro a outubro de 2015, acima dos 10,5% em 2014, enquanto os lançamentos de produtos de cuidados com os olhos mencionando energia subiram de 13% para 15% dos lançamentos globais no mesmo período. Além disso, durante o mesmo período, o lançamento de xampus com apelo energético aumentou de 2,7% para 3,2%
Isso apresenta oportunidades ainda maiores para as marcas no futuro, incluindo formuladores. O trabalho com produtos energéticos está em andamento, particularmente produtos de cuidado com a pele e cabelos.
4 – Gastronomia
Os produtos de beleza estão saindo das sombras dos laboratórios e indo direto para os holofotes da cozinha dos consumidores. Um novo foco em ingredientes naturais irá inspirar cada vez mais consumidores a arregaçarem as mangas e a criarem soluções de beleza feitas em casa com a ajuda das marcas. A pesquisa da Mintel destaca que metade (50%) dos homens no Reino Unido acredita que os produtos de beleza para o rosto com ingredientes naturais são melhores para a pele.
De modo geral, cerca de 42% dos consumidores de higiene pessoal do Reino Unido compram produtos naturais e orgânicos porque eles acreditam ser melhor para o meio ambiente. Nos EUA, 57% dos consumidores compram estes produtos porque não contêm ingredientes ou químicas desnecessárias. Na Europa, quase metade (48%) dos consumidores italianos e espanhóis compram produtos de higiene pessoal naturais ou orgânicos porque acreditam que esses produtos são melhores para sua saúde.
Olhando para os próximos anos, há uma tendência das marcas de beleza se associarem às de artigos para o lar para criarem aparelhos de cozinha e armazenagem aprovadas pelas marcas de beleza. Varejistas da beleza oferecerão aulas para ensinar as pessoas como fazer seus próprios produtos. Com o crescente interesse na busca por estilos de vida mais naturais, os consumidores estarão cada vez mais envolvidos no processo criativo, para se certificarem que seus produtos de beleza e higiene pessoais sejam mais transparentes e sustentáveis.
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