Apenas em 2015 foi registrado um crescimento de 32% da doença. Especialista do Hapvida explica a epidemia no país e formas de se proteger
Desde o início do segundo semestre, o Ministério da Saúde vem realizando ações e campanhas em âmbito nacional para combater a sífilis. O órgão classificou a situação que o Brasil enfrenta como uma epidemia da doença. Segundo os dados recentes do boletim epidemiológico, nos últimos cinco anos foram aproximadamente 230 mil novos casos da doença. Só no ano passado (2015), foi registrado um aumento de 32% em relação ao ano anterior (2014).Na Bahia, em 2015, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia registrou 3.539 casos de sífilis – 1.121 em Salvador. De acordo com Fernando Romero, infectologista do Hapvida, um dos principais motivos que pode ter causado este aumento no número de casos é o descaso com o uso de preservativos pela população sexualmente ativa. “Existe uma tendência entre as populações de diminuir o uso de preservativos por acreditar que as doenças sexualmente transmissíveis não vão atingi-los. Isso leva a encontros íntimos desprotegidos e disseminação de outras DSTs, não só de sífilis, como até o HIV”, afirma Romero.
Causada pela bactéria Treponema Pallidum, sífilis é considerada uma doença silenciosa por não apresentar sintomas graves em seus estágios iniciais. “Por isso, acredita-se que exista ainda muitos casos subnotificados, o que leva a uma estimativa maior de casos de sífilis do que conhecemos atualmente”, avalia o infectologista.
É preciso estar atento aos sintomas iniciais da doença. No início, a sífilis pode se manifestar com lesões ulceradas na região genital e na boca. Na segunda fase da doença, ela se apresenta com manchas avermelhadas pelo corpo. Já na terceira fase, a mais grave, a bactéria permanece dentro do organismo sem manifestar sintomas, entretanto, pode causar meningite ou problemas na artéria aorta, levando a graves problemas cardiovasculares. “Por isso a prevenção é o melhor mecanismo que a população deve tomar para evitar contaminar-se.
Todos devem fazer triagem sorológica anual para cuidar da saúde e iniciar o tratamento adequado caso necessário”, destaca Romero. Logo que diagnosticada, a sífilis tem cura e o tratamento é realizado através de antibióticos à base de penicilina na sua forma cristalina, procaína ou benzatina.
Transmissão de mãe para filho – Em relação à sífilis congênita, que é transmitida da mãe para o bebê durante a gestação, os números praticamente triplicaram. Em 2010, a cada mil bebês nascidos, dois (média de 2,4) eram portadores de sífilis. Já em 2015, houve o aumento para seis (média de 6,5). “As grávidas têm que realizar o teste para sífilis durante o planejamento da gestação, assim como durante o pré-natal. Se apresentarem um resultado positivo, é preciso iniciar o tratamento imediatamente e convocar os parceiros sexuais para se tratar de forma concomitante”, destaca o infectologista.
No caso de a infecção ser instalada no recém-nascido, o tratamento ideal para o bebê é o uso de penicilina cristalina. “Se eles não forem tratados de forma adequada podem ter sequelas tais como retardo de crescimento, microcefalia, calcificações cerebrais, alterações ósseas e auditivas. Casos mais graves podem levar à morte”, alerta Romero.
Fonte: http://www.jornalfloripa.com.br/multimidia/site/?p=noticias_ver&id=68986
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