Aumenta a concentração na venda de medicamentos da indústria farmacêutica no País. Em um setor onde atuam mais de 490 laboratórios, 15 delas são responsáveis por 62% dos medicamentos comercializados no Brasil.
Nos últimos 12 meses até maio, a venda de medicamentos da indústria farmacêutica para o varejo movimentou R$ 154,9 bilhões. Deste total, R$ 96,4 bilhões foram originários desses 15 laboratórios, cuja participação beirava 51% no período pré-pandemia.
Um termômetro dessa consolidação foi o desempenho das três líderes. Grupo NC/EMS, Hypera Pharma e Eurofarma cresceram entre 15% e 20% nos últimos 12 meses em relação ao mesmo período anterior, aumentando a distância para a quarta colocada – a francesa Sanofi, que avançou somente 9,2%.
As farmacêuticas nacionais são as únicas com vendas na casa dos dois dígitos e respondem por 28% da comercialização de medicamentos. Essas empresas, inclusive, foram alvos de recentes especulações sobre uma fusão envolvendo os ativos da Hypera Pharma, avaliada em R$ 23,8 bilhões no mercado financeiro.
Domínio das brasileiras na venda de medicamentos
Das empresas que ocupam o top 15, apenas cinco são multinacionais. Considerando as dez principais farmacêuticas em vendas de medicamentos, só duas são do Exterior – Novartis e Novo Nordisk.
Para especialistas, parte da explicação para esse domínio está nas intensas trocas de portfólio promovidas entre as brasileiras no ano passado, que começaram a render frutos a partir do segundo semestre. Só as cinco principais transações movimentaram em torno de R$ 2,4 bilhões.
A Eurofarma deu o pontapé inicial ao adquirir 12 MIPs da Hypera Pharma, que que por sua vez efetivou a compra de 12 marcas da Sanofi, entre as quais AAS e Cepacol. A União Química incorporou nove hormônios femininos da Bayer, enquanto a EMS comprou a família Caladryl, da Cellera Farma
Fuga das multinacionais?
Esse maior fôlego para novos negócios também está associado a um movimento das multinacionais, que vêm se desfazendo de produtos maduros e abrindo um novo caminho para as brasileiras. “Os laboratórios estrangeiros estão mirando projetos de desenvolvimento de medicamentos, com foco em áreas terapêuticas com maior potencial de faturamento”, comenta Henrique Tada, diretor executivo da Alanac. Oncologia e imunologia vêm se firmando como as “meninas dos olhos” das estrangeiras.
Faturamento em alta, mas rentabilidade…
De acordo com Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma, a pandemia contribuiu para ampliar a procura por medicamentos, em especial de remédios voltados para quadros de depressão e insônia, doenças crônicas e vitaminas. Os genéricos também ganharam espaço em função das incertezas na renda dos consumidores. Porém, se a receita vai bem, a rentabilidade preocupa.
“Mesmo com o reajuste dos preços de medicamentos, as empresas não conseguiram repassar em sua totalidade”, afirma. As maiores barreiras para disponibilidade de matéria-prima em nível global fez disparar o preço dos fretes. “Para se ter uma ideia, a rota para trazer insumos da Ásia custava US$ 1 por quilo antes da pandemia, mas passou a ser US$ 15 no pico da crise. E isso foi absorvido pelas farmacêuticas”, justifica.
TOP 15 INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
(em R$ bilhões)
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