Ferring traz ao país 1º centro de inovação no Hemisfério Sul

Um dos principais nomes na área de medicina reprodutiva no mundo, a multinacional Ferring Pharmaceuticals escolheu o Brasil para sediar seu primeiro centro de inovação no Hemisfério Sul. O laboratório Ferring Innovation Brasil (Fibra) será inaugurado em novembro, na zona sul de São Paulo (SP), e faz parte de um pacote de investimentos da operação local em pesquisa e inovação que totaliza R$ 25 milhões entre 2016 e 2019. Somente no próximo ano, os desembolsos para essa finalidade devem alcançar R$ 10 milhões.

Escolhido como um dos países estratégicos para pesquisa e desenvolvimento, o Brasil vem recebendo investimento crescente. A Ferring tem por aqui um programa de co-desenvolvimento em marcha, o Grants, e se juntou ao Aché para inaugurar o Nanotechnology Innovation Laboratory Enterprise (Nile), em Guarulhos (SP) no ano passado, o primeiro laboratório de nanotecnologia do país.

Novas plataformas tecnológicas – que podem resultar na administração mais eficiente do medicamento, por exemplo – e inovação incremental com foco em produto são as grandes apostas no momento. “A ideia é desenvolver produtos com cientistas locais, incluindo a fase pré-clínica, e se houver oportunidade, exportar no futuro”, disse ao Valor o presidente da Ferring Brasil, Alexandre Seraphim.

Conforme o executivo, o país seria um candidato a investimento em manufatura, diante da dimensão do mercado farmacêutico doméstico e da expectativa de crescimento nos próximos anos. Há uma década, essa possibilidade foi seriamente considerada pela matriz e, até dois anos atrás, a operação local pesquisou ativos para uma potencial aquisição. A busca, porém, não resultou em negócio.

Neste momento, o foco está na implementação dos projetos de inovação, incluindo o Grants, programa de parcerias de co-desenvolvimento e absorção de novas tecnologias. Hoje, o laboratório conta com sete pesquisadores no Brasil e o grupo subirá a mais de dez no próximo ano.

Pelo menos cinco projetos, na área de gastroenterologia, que serão tocados pelo novo laboratório de inovação já estão em andamento. Ao mesmo tempo, por meio do Grants, a Ferring recebeu no ano passado mais de 100 projetos candidatos a financiamento, em diferentes áreas de atuação. Quatro foram selecionados, um deles para tratamento tópico de refluxo gastroesofágico com uso de um biopolímero do caule do cajueiro, da Universidade Federal do Ceará.

Fundada na Suécia, e com sede hoje na Suíça, a Ferring é uma empresa familiar com receita anual da ordem de US$ 2 bilhões e presença em 110 países. Apesar de ser reconhecida mundialmente por suas tecnologias de reprodução assistida, essa área representa hoje cerca de um terço dos negócios. No portfólio, há também tratamentos para urologia, hematologia, obstetrícia e gastroenterologia. Além do país, Estados Unidos, China, Índia e Rússia são considerados mercados estratégicos na área de P&D.

Globalmente, conta com 12 centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
No Brasil, além da parceria no Nile e do Fibra, tem um laboratório de controle de qualidade no mesmo condomínio em que está sendo implantado o novo centro. Conforme Seraphim, a taxa de crescimento dos negócios no país tem sido na casa de dois dígitos ao ano, para cerca de R$ 200 milhões no ano passado.

“O Brasil é um desafio constante, mas com regulamentação de alto nível da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], que tem se esforçado para melhorar onde ainda é necessário”, afirmou. Os prazos regulatórios ainda são longos e a incerteza sobre preço de venda do produto afeta projetos de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, diante do envelhecimento da população, o país deve receber investimentos crescentes em saúde e isso justifica estar entre países estratégicos. “Medicina reprodutiva, que hoje está concentrada no mercado privado, passa a ser estratégica para o país e tem muito potencial de crescimento”, disse.

Fonte: http://sindusfarma.org.br/cadastro/index.php/site/ap_imprensas/imprensa/2181

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