Confirmada a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência, representantes do setor produtivo já cobram urgência do novo governo para que reformas consideradas essenciais para a retomada do crescimento, como a da Previdência e a tributária, sejam aprovadas o mais rapidamente possível. Na pauta da indústria, também há pedidos de benefícios específicos, como uma política de preços livres para a área de medicamentos, que incentive o investimento em inovação.
O setor químico, por exemplo, defende o fim do subsídio à energia, que encarece o preço final para empresas e consumidores, além de reduzir a competitividade. A expectativa é que o presidente eleito e sua equipe agendem conversas com os diferentes setores da indústria a partir de novembro.
– Atualmente, 40% dos custos da energia são tributos. É preciso acabar com esses subsídios porque isso tira competitividade do setor – diz Fernando Pimentel, presidente-executivo da Abiquim, entidade que representa a indústria química, lembrando que o gás usado pela indústria custa três vezes mais do que o americano, o que impacta no custo dos produtos.
Outro calcanhar de aquiles do setor é a infraestrutura, diz Pimentel. Para ele, é preciso incentivar investimentos em ferrovias para transporte de produtos químicos, assim como aumentar os atracadouros nos portos, reduzindo a dependências da rodovias.
A indústria química entregou um pacote com 73 propostas de curto, médio e longo prazos à equipe econômica de Bolsonaro que, se adotadas, podem criar 225,2 mil empregos e aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) do setor em US$ 231,2 bilhões até 2030.
Dez entidades do setor farmacêutico assinaram documento alertando ao novo presidente que a saúde é um dos maiores e mais urgentes desafios. As entidades apontam como questões fundamentais mais acesso aos tratamentos disponíveis e mais proximidade entre universidades, iniciativa privada e governo. Para isso, reivindicam mais recursos para pesquisas, carga tributária menor e mais agilidade em órgãos reguladores como a Anvisa e o INPI, responsável pela aprovação de patentes.
– Essas agências precisam ser despolitizadas, ter pessoas com formação técnica, para que os processos andem mais rápido – diz Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma, que representa a indústria farmacêutica.
Um dos pontos considerados chaves para aumentar o investimento em pesquisa, e atrair cientistas e pesquisadores que deixaram o país nos últimos anos, é a liberação de preços do setor. Atualmente, os medicamentos são reajustados uma vez por ano, por determinação do governo federal. Para Mussolini, hoje já existe competição suficiente para que o setor se autorregule.
– É uma forma de incentivar o investimento em pesquisa. Uma política de preços livre premia a inovação. Hoje, há categoria de produtos que são reajustas abaixo da inflação. Não incentiva a busca por novas tecnologias. Essa mudança criaria empregos de qualidade a trairia pesquisadores que deixaram o país – diz Mussolini.
O setor têxtil defende a internacionalização do setor através de grandes acordos internacionais. Para Fernando Pimentel, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) essa é uma ação de governo importante para que o país ganhe novos mercados.
Ele observa que o Mercosul, o acordo comercial enter Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai precisa ser equacionado. Trata-se de um acordo internacional importante para o Brasil, que vende 25% de seus produtos têxteis e confecções para a Argentina.
– O Mercosul é prioritário, mas precisa ser revitalizado. É o nosso principal mercado. O Mercosul ficou ‘encimesmado’ nos últimos anos. Mas com novos acordos, como o negociado entre Brasil e Chile, pode servir de parâmetro para o Mercosul – disse Pimentel.
Para isso, ele defende a manutenção do Ministério da Indústria e Comércio (Mdic) e sugere uma agenda de competitividade que beneficie diversos setores. Segundo Pimentel, hoje o chamado custo Brasil tira R$ 64 bilhões do faturamento das empresas. Reduzindo esse montante à metade, a indústrias teria pelo menos R$ 30 bilhões a mais para investimento e melhoria de salários.
Fonte: http://sindusfarma.org.br/cadastro/index.php/site/ap_imprensas/imprensa/2230
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