Fundada em 2015, a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace) é a única organização com autorização judicial para cultivo de maconha com fins medicinais no Brasil. E por meio de uma linha própria de produtos, a entidade luta para garantir o acesso ao canabidiol a custos mais acessíveis.

O trabalho da associação teve início quando cerca de 100 famílias começaram a ter dificuldades na importação do CBD em função da alta do dólar e se cotizaram para viabilizar a produção no Brasil. “O preço ainda é um grande empecilho para muitas famílias. Na farmácia, o valor é de R$ 2.500, mais caro até do que o importado. Com o plantio próprio no nosso laboratório situado em João Pessoa (PB), conseguimos comercializar os óleos a um custo que varia de R$ 79 a R$ 680, além de uma taxa anual de R$ 350 para os associados”, explica o diretor executivo Cassiano Teixeira.

Hoje com cerca de 15 mil associados, a Abrace tem uma produção mensal de até 4 mil unidades da linha Óleo Esperança. Para se afiliar e ter acesso aos produtos, o paciente precisa ter uma receita indicativa para o produto produzido pela Abrace e o laudo médico comprovando a doença, tais como epilepsia refratária de difícil controle, TEA (autismo), Alzheimer, Parkinson, glaucoma, câncer, doenças crônicas, por exemplo. “Cada paciente recebe uma senha para acessar o sistema de pedidos, que disponibiliza apenas o produto que o médico receitou”, completa.

Campanha de arrecadação
A entidade, porém, teve um revés judicial recentemente. No dia 25 de fevereiro, após um pedido da Anvisa, o desembargador federal Cid Marconi, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) determinou a suspensão da liminar que permitia o cultivo da maconha para fins medicinais. A decisão foi revogada uma semana depois, sob a imposição de que a Abrace faça as adequações necessárias de acordo com as normas da RDC 327.

“O problema é que o nosso laboratório está localizado junto à área de cultivo da cannabis, o que não é permitido pela resolução da agência. Por isso, estamos construindo um novo laboratório com 12 salas em um outro espaço na nossa sede”, afirma. A Abrace agora está protocolando os projetos junto à Anvisa e, uma vez aprovados, tem 120 dias para adaptar as instalações atuais.

Para viabilizar a reforma do laboratório, a Abrace iniciou nesta semana uma campanha de arrecadação de R$ 300 mil. Com isso, além de obter o Alvará de Funcionamento junto à Agevisa, a associação projeta dobrar o número de afiliados ainda este ano.

“Em um segundo momento, partiremos para a construção de um novo laboratório de nível industrial, com 4 mil m² e com previsão de orçamento de R$ 3,5 milhões para atender até 100 mil associados”, antecipa Teixeira. Também está em projeto o abastecimento do espaço com todos os equipamentos industriais, orçados no valor de R$ 5 milhões.

Projeto de Lei
Outra mobilização gira em torno da aprovação do Projeto de Lei 399/ 2015, que viabiliza a comercialização de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta Cannabis sativa em sua formulação. O PL está aguardando entrar na pauta da Câmara.

Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/2021/03/24/abrace-produz-cannabis-medicinal-a-custo-acessivel/

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