O último painel do Abrafarma Future Trends, que mobilizou mais de 11 mil profissionais do setor entre os dias 13 e 17, foi dedicado a reflexões sobre a farmácia pós-Covid-19. Paulo Paiva, vice-presidente Latam da Close-Up International; e Sydney Clark, vice-presidente sênior da IQVIA, expuseram números relevantes dos últimos 12 meses, que apontam caminhos rumo à expansão dos serviços de saúde e foco em cidades de menor porte.
“A projeção é que o mercado farmacêutico finalize o ano com 13% de crescimento nas vendas e, posteriormente, parta para um avanço mais conservador nos próximos anos – da ordem de 9,2% em 2022”, afirma Clark.
Para Paiva, a tendência é que as grandes redes passem cada vez mais a oferecer serviços de acompanhamento e prevenção da saúde. “O paciente torna-se parte integrante e recorrente de um portfólio de serviços na farmácia, contribuindo para uma redução dos gastos de saúde privados”, explica.
Dinâmica e tendências no setor farmacêutico brasileiro – IQVIA
Vendas no canal farma
Os gastos na farmácia totalizam R$ 150,8 bilhões nos últimos 12 meses, o que representou um crescimento de 12,7%.
Vendas no canal por unidade da federação
São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal não acompanham o crescimento do país, que está mais acelerado em estados do Centro-Oeste. “É importante as redes avaliarem as oportunidades regionais no processo de expansão, já que as cidades menores também necessitam de outros modelos de atendimentos diferentes dos já existentes e sofrem com as carências de serviços”, aconselha Clark.
Número de lojas
No Brasil existem 84.289 farmácias, crescimento de 5,7% nos últimos 12 meses até julho de 2021, sendo que todos os tipos de farmácias registraram aumento da venda média por loja.
Vendas online
O e-commerce já responde por 6% do volume de negócios do varejo farma, um total de R$ 3.664,3 milhões de agosto de 2020 a julho de 2021. Elas são mais representativas no Sul (6,5%) e Sudeste (6,4%). Dos 14 municípios com vendas online acima de 10%, 12 estão localizadas na Região Sul ou na Grande São Paulo.
Cenários da farmácia pós-pandemia – Close-Up
Alta nos medicamentos para doenças crônicas
O mercado de medicamentos para doenças crônicas (hipertensão, diabetes, problemas respiratórios/ outros) apresentou um crescimento de 19,9%. O incremento foi de 16,9% em cardiológicos e de 22,4% em diabetes.
Não ocorreu uma evolução expressiva na área de prescrição. Ou seja, não houve avanço de novos pacientes, mas um aumento na adesão ao tratamento, em razão do risco de agravo da Covid-19 em pessoas com comorbidades.
Gasto com saúde privada no Brasil
O gasto total do sistema de saúde privado é de R$ 465,6 bilhões. Desse total, 46% (R$ 314,6 bilhões) vão para gastos com internação; R$ 6,1 bilhões vão para clínicas de oncologia. R$ 41,4 bilhões é a despesa só da parte interna do hospital privado e R$ 103 bilhões é o custo de saúde nas farmácias.
Olhando a farmácia como parte integrante de um sistema de saúde, observa-se que existe uma possibilidade de redução dos custos hospitalares se houvesse um aumento na adesão ao tratamento por meio do acompanhamento e gerenciamento da saúde do paciente.
Possibilidades de Serviços e Assistência:
- Administração de medicamentos
- Monitoramento de pressão arterial
- Monitoramento de temperatura
- Teste glicêmico
- Oximetria
- Administração de vacinas
- Realização de curativos e ataduras
- Teste de bioimpedância
- Acompanhamento e alerta de compra de medicamentos de uso crônico para os pacientes
Existem 44 milhões de pessoas com planos médicos hospitalares privados nos municípios com atuação das grandes redes. “Para o setor de saúde privado, existe sim uma oportunidade rápida de absorção de benefícios, redução de gastos, colocando um pouco mais de serviço e informação nas farmácias, o elo da cadeia de saúde mais próximo do paciente”, endossa Paiva.
Deixe um comentário